Dia de cao

Com esse babado todo da hipoteca da Nova Zelandia, ontem eu fui pra cama as 4 da manha. O meu dia estava planejadinho:

8:00 - levar as meninas na escola

9:00 - ver GC no dolfinario
11:00 banho marroquino
13:00 almoco com a Francine

15:00 pegar criancas na escola

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Mas a realidade foi outra, bem diferente!

Nao consegui sair da cama antes das 10 da manha, por causa da noitada hipotecal.

As 10, me levantei correndo pra ir para o banho marroquino. Morta de sono, tropecei na escada e levei um tombo. Quando gritei de dor, a minha empregada achou que era a minha cachorra, fazendo manha. Agora meus gritos parecem latidos - eu mereco!

Quando estou a menos de 10 minutos do salao, me dou conta que me esqueci de levar a minha luva de banho marroquino. PUTA QUE O PARIU. Vou ter que comprar outra.

Francine, que ia chegar mais cedo para fazer uma horinha comigo, se atrasa e chega em cima da hora, correndo, toda esbaforida. Como ela parece mais "necessitada"que eu, deixo ela ficar com a melhor terapeuta.

Comeca o banho marroquino. O calor e tao infernal, que a minha terapeuta vira e mexe, me abandona na sala e vai tomar um arzinho fresco, enquanto eu cozinho no vapor.

Na volta de uma  dessas escapadas dela (que demoram uma eternidade), eu resolvo reclamar:

- Onde voce estava?

Quando a fulana nao responde eu resolvo abrir os olhos para ver o que estava acontecendo. Dou de cara com uma afro descendente, olhando pra minha cara. A minha terapeuta e Philipina. Ja penso logo em arrastao. Sorte que eu estou pelada, so com uma calcinha descartavel. Se ela pedir, entrego sem cerimonia. Com tudo isso passando pela minha cabeca, comeco a levantar a minha voz:

- O que voce esta fazendo aqui? quem e voce? O que voce quer?

- Vim tomar sauna!

TOMAR SAUNA???? Na minha sala de banho marroquino? na na ni na nao.

Expulsei a intrusa sem nenhum remorso. Quando a minha Filipina chegou, eu estava bufando.

O pior e que eu nao consegui mais relaxar ne. O que a bendita fulana estava fazendo la? Serio - o que? Sera que ela pegou a chave no bolso do meu roupao e roubou a minha bolsa que estava no armario? E meu acrro? Sera que ela levou meu carro tambem?

Passei o resto do banho preocupada, neurotica, estressada. Nada de relaxar!

Saimos do salao (depois de eu ter reclamado da palhacada e nao ter dado nem um centavo de gorgeta) e logo no estacionamento, bato o carro no carrao de uma arabe. Ela da re, eu dou re, CAPUM!

Antes que eu tenha tempo de fazer qualquer coisa, chega um arabe. depois outro. Todo mundo comeca a falar em arabe e eu fico la falando: da pra falar ingles? Nao to entendendo nadinha.

Ligo pra Francine que ja tinha ido embora. Preciso de reforcos. Daqui a pouco a arabada me da uma mao de pau. Ela volta pra me ajudar.

Fica decidido que e melhor a gente despencar para a delegacia, para fazer ocorrencia.

Chego na delegacia e me dou conta que nao tenho a minha carteira de motorista comigo. Olho no relogio, hora de pegar crianca na escola. Saio da delegacia correndo, digo que vou buscar as meninas. Passo em casa, pego a carteira de motorista.

Deixo a Francine na delegacia como garantia de que eu vou voltar.

Quando chego de volta, a delegacia tinha virado uma festa. todo mundo batendo papo, um monte de policiais ali em volta da minha amiga francesa.

Os policiais falam:

- Ah! Voces sao todas amigas?

- Nao. eu sou amiga dela (francine responde e aponta pra mim)

Os arabes ficam ultra confusos por que ela tinha ficado no maior tre le le com a motorista adversaria. Depois eu conto esse babado em detalhes, por que foi surreal - a Francine conseguiu (mais uma vez) transformar uma situacao chatissima num forrobodo divertidissimo.

A outra motorista e muito honesta, conta o que aconteceu. A policia nos declara culpadas. As duas. Pagamos a taxa de culpado ( 40 dolares cada culpada), nos despedimos como velhas amigas e eu P R E C I S A N D O comer alguma coisa, antes que eu caia dura, desmaiada de fome.

Francine e eu despencamos para o supermercado, pedimos uma coisa qualquer na pracinha de alimentacao e vamos cada uma para a sua casa.

Minha cabeca doia tanto que eu podia jurar que tinha uma tribo de indios batendo bumbo dentro dela.

Amanha vai ser um dia muito melhor!!!