domingo, junho 10

Bullying - Santos

Cada vez que eu mudava de cidade, a história se repetia. As encheções de saco, as piadinhas com o meu nome, com o meu sotaque do interior, o jeito que eu andava - e em Santos, o alvo preferido dos bullies era o jeito que eu me vestia.
Para os santistas, descolados e moderninhos, eu era uma baiana ( nome pejorativo que os otários usavam pra quem se veste mal, pra quem tem mau gosto). E me chamavam de baiana sem nenhuma cerimonia.
E eu, ficava triste, claro. Eu tinha treze anos, estava na oitava série.
Mas como o meu santo é forte, os meninos nunca foram de entrar no grupinho dos que me enchiam o saco , e baiana ou não, com mau gosto ou não, eu tinha um grupo de admiradores masculinos que me mantinham com a cabeça acima do nível da água.
As surfistinhas me olhavam de cima abaixo e eu me recusava a mudar o meu jeito, minhas roupas ou qualquer coisa. Não iam ser aquelas pessoas que iam ditar quem eu seria, certo?
Mas eu queria ser igual, ah como eu queria...
Foi nessa época que eu conheci a Fabiana ( e somos amigas de coraçao e de alma até hoje). Ela também não fazia parte do grupinho das populares, ela era toda alternativa.
E um dia ela se engraçou com um amigo meu. Fiz o papel de cupido, fui lá falar com ele e voltei com a melhor das novidades:
- Ele te acha uma menina normal!!! disse eu radiante
Fabiana me fuzilou com os olhos.
- Normal? Normal? Como assim, normal? Quem é que quer ser normal? Que coisa mais medíocre.
Alí mesmo ela se desencantou do menino e eu descobri, aos 13 anos, que esse negócio de ser normal não estava com nada. A partir dalí, levantei a cabeça, chacoalhei a poeira e nunca mais, nunca mais dei voto prá quem não merecia.
Aprendi que o que a minha propria opinião vale 8 pontos. A nota máxima é 10. Todas as outras pessoas somadas, tem 20% do total. Mas também aprendi que média 8 tá bom demais!!! Não tenho necessidade nenhuma de fechar com 10.

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Every time I moved towns, the same story repeated itself. The bullying, the nasty jokes about my name, my small town accent, the way I walked - and in Santos, the bullies fav target was my taste of clothes.
They spared no energy in trying to make me feel bad, in ridiculing me and my style.
 Of course it made me sad. I was thirteen, I was in eighth grade.
Lucky for me, boys were not bothered to pick on me, and I had enough male fans to keep my head above the water.
Despise how I felt, I never changed to get anyone's approval. I was not prepared to let others dictate who I would be, or what I would do.
Head strong or not, I wanted to fit in, I wish I was like everyone else.
It was around that time that I met Fabiana, who is my good friend until this day. She was quite funky, in her alternative way.

She had a crush on a friend of mine. Trying to play matchmaker, I run to talk to him and feel the water for her. I came back with the best news I could imagine:

 - He thinks you're a normal girl! I said radiant

Fabiana glared at me.

- Normal? Normal? Who wants to be normal? How very mediocre.

The crush died imediately. She could not imagine someone calling her "normal"...

And at 13, I also realized there is no glamour in being "normal", in fitting in.

 I decided my own opinion is worth 8 points. The maximum score is 10. All others added, makes for 20% of the total possible marks. I also learned 8 is more than enough...

12 comentários:

  1. Adorei sua visita lá no meu blog. Volte sempre. Hoje, vim aqui conhecer o seu. Vc sabe que cheguei a rir, ao le-lo. Eu tambem era assim como vc. Mas um dia, eu tambem levantei a cabeca e olha, ela nunca mais baixou. Bj

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  2. Muito legal essa frase final! Assim devemos pensar! beijos,chica

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  3. Eu sempre me senti um pouco diferente, mas nunca fui agredida dessa forma, que eu me lembre... Era simplesmente ignorava, como se fosse transparente, como se não existisse!
    Mas agora lembrei de uma história: eu gostava de um menino desde os meus 8 anos... Quando eu tinha uns 14 uma amiga foi falar com ele a meu respeito... Ela voltou dizendo que no início ele não sabia quem eu era (mas há 6 anos eu passava umas 20 vezes por dia na frente da casa dele e o seu irmão frequentava as festinhas na minha casa!), mas depois de muito explicar ele se lembrava vagamente de quem eu era e disse: "aquela gordinha?" Para mim foi o fim da picada, até hoje eu detesto ser "gordinha", pesno que todo mundo vai se lembrar de mim como "aquela gordinha"!

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  4. Sensacional esse post: do início ao fim!

    Ótimo para dar um UP na auto-estima de leitores feito eu!

    Esse povo que "bully" são mesmos uns recalcados!

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  5. TB acho, ó... Um bando de recalcados!
    :)))

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  6. Olá Inaie!

    Suas postagens sobre o tema estão maravilhosas!

    Vish, tomara que desta vez eu emagreça né? Chega de retrocesso!

    Obrigada pela agradabilíssima companhia!

    Xerão da Zizi

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  7. Oi Ina!! Crianças e adolescentes são muito cruéis mesmo!! E isso acontece em qquer lugar do planeta. Por outro lado esses desafios nos fazem criar armaduras e nos fortalecer para os próximos embates que encontraremos na vida.... Grande BjO!

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  8. Essas coisas acontecem e não deviam acontecer, porém acabam fortalecendo a pessoa para lidar com outros problemas que a vida trás.
    Beijos.

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  9. Você é dez, Inaiê. E esse texto também. Toca num ponto fundamental: querer ser unanimidade não tá com nada, é coisa de criança mesmo, daquela fase em que tudo é muito idealizado. E quem não supera isso passa a vida arrastando essa necessidade de aceitação, os tais 100%. Sempre haverá quem não goste de nós, nos ache bregas, bobos, feios. Fazer o quê?

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  10. Ó, se o Ernani te inspirou, você também me inspirou. Mas tô sem tempo de escrever. Quem sabe, na viagem que farei amanhã (surpresa, surpresa)eu arrume um tempinho pra escrever???

    Mas devo dizer que jamais chegarei perto de suas reações!!! Ri demais! Beijooo

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  11. Inaie, uma salva de calorosas palmas para você. Assim é que se vive!
    Um grande abraço
    Manoel

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  12. Eu também sou assim! Ser normal pra que? Eu gosto mesmo é de ser diferente, rsrsrsrs.

    O importante é a gente gostar de quem somos...e deixa a opinião dos outros pra lá, né?




    PS. Eu certamente teria sido sua amiga em Santos, hehehe.

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