Há 2 anos
sexta-feira, janeiro 13
Pq so acontece comigo?? Why it all happens to me?
Fabio e eu fomos a um show de blues e na volta tinhamos que passar pegar a Anita na casa de uma amiga. Meu telefone tava quase sem bateria, entao emprestei o carregador ( de carro) de uma amiga.
Botei no acendedor e nao funcionou. A bateria morreu. Nem eu nem o Fabio sabiamos chegar na casa, mas nos tinhamos o endereco. Nenhum outro telefone ( Fabio ou Lia) tinha o numero da mae da menina. nem da menina. Botamos o endereco no GPS. Quando chegamos na rua, estavamos na porta da casa 711. A casa certa era 771. Fabio falou que ia dar a volta com o carro - eu olhei a ruela, cheia de barreiras impedindo a passagem. Resolvi ir a pe enquanto ele dava a volta no quarteirao.
Comecei a andar. Os numeros iam aumentando devagarinho. Andava, andava. Tudo escuro. ja passava da meia noite. nem uma alma na rua. Pelo menos nao nessa rua, por que la no centro da cidade, a coisa ta "pegando". Hoje e o 40 dia depois da Ashoora, quando a cabeca do Iman Hussain foi devolvida aos Xiitas.
E eu andando. Andando. Ai cheguei ao numero 753 e a rua acabou. E eu sem celular. Apareceram tres homens, saindo de um predio.
- Oi! Meu marido parou o carro, eu desci, andei ate aqui, to sem celular, a minha filha me esperando na casa da amiga, a rua acabou. O numero e maior que esse, devia ser mais pra frente.
Ai me dei conta que o que eu tava falando nao fazia o menor sentido e calei a boca. tentei de novo:
- Posso usar seu celular?
O cara me deu o celular e eu liguei pro Fabio. O celular tava no silencioso, por que o Fabio nem ouviu, nem viu, nem atendeu.
Os tres tiveram compaixao de mim e foram tentar entender a historia. E me ajudaram a procurar a casa. Todo mundo colocou no GPS do seu celular ( mundo moderno e assim, ne?) e ninguem achou. Sugeriram que a gente pegasse o carro e fosse procurar o Fabio. Agradeci e recusei.
O cara falava:
- Olha, aqui nao e bom voce ficar andando nao. E perigoso.
E eu ia fazer o que? Tinha que andar ne?
Ai eles ficaram com medo que eu achasse que eles fossem do mau e disseram:
- A gente pode fazer o que voce quiser. Pode tentar ajudar. Pode te levar de carro. Pode andar com voce a pe, ou pode ir embora, se voce ficar desconfortavel com tres homens desconhecidos.
Melhor tres desconhecidos com tres celulares do que nenhum desconhecido e nenhum contato com o mundo externo, ne? E eu estava sem bolsa, sem dinheiro e sem chave. nao podia nem pegar um taxi e ir pra casa.
Pedi pros caras me escoltarem a pe de volta pra casa 711. Uma hora o fabio ia acabar passando por la pra me buscar - ou o dia ia amanhecer e eu poderia fazer alguma coisa mais criativa.
Antes de chegar ao lugar onde eu desci do carro, encontro a Lia, vindo na minha direcao, rindo e me xingando muito.
- Ah mae! tem cabimento? Vc sai andando...a casa e a 711. Papai ja pegou a Anita. A familia dela ta toda andando por ai, procurando voce. Ai que vergooonha mae!!!
Agradeci aos homens que me acompanharam, agradeci a familia que ja estava organizando uma operacao pente fino pra me achar, entrei no carro e fui embora pra casa nanar.
Vou ter que ouvir essa historia por anos a fio, se e que eu conheco essa familia...
***************************************************************************
Fabio and I went to a blues concert and on our way back we agreed to pick Anita up from a friend's house. My phone was running out of battery, so I borrowed the car charger from a friend.
I connected it to the lighter and it simply did not work. The battery died, when we were still on our way to the house. Fabio and I had no clue how to get to the house, all we had was the address.
We put it in the GPS and drove off. When we reached the street, we were right in front of Villa 711. The house we were looking for was 771. Fabio said he would get the car and go around the block - I looked at the alley, saw it was full of barriers preventing the passage. I decided to walk as he went around the block, trying to find the number. I may get there before him.
I started walking. The numbers were slowly increasing. I walked, walked. Everything was dark. It was past midnight. There was not a soul on the street. At least not on that street, because we knew things were very busy in the city. Police cars were everywhere, people were gathering to celebrate the 40th day after Ashoora when the head of Imam Hussain was returned to the Shiites.
So I kept walking. And walking. When I finally got to house 753 the street ended. And I remembered I left the phone in the car. Three men appeared, out of nowhere.
- Hi! My husband stopped the car, I got out, walked up here, I have no cell phone, my daughter is waiting for me at her friend's house, the street ended. The number is greater than this, should be further ahead.
Then I realized nothing I said made any sense. So I tried again:
- Can I please use your phone?
One of the guys gave me the phone and I called Fabio. The phone was on silent - he did not hear it ring, he did not see a missed call.
The three men had compassion on me and tried to understand what the hell was my problem. They tried helping me find the house. They all put the address on their phone GPS ( Thank God for technology). They found nothing.
They suggested we should take their car and drive around looking for Fabio. I thanked them and declined the offer. No way I was going to get into anyone's car, past mid night.
One of the guys said:
- You should not be here. Really. It is dangerous to be here.
What could I do now? Just walk back and try to find fabio, the house, the car.
The men were trying to help, but they were also worried I would be afraid of them. This is a muslim country, people have different values.
- We can do whatever you want us to. We can try to help. We can take you around by car. We can walk with you, or we can just leave. It is totally up to you. We will understand if you feel unconfortable near three strangers.
It was better to have three strangers with three phones than noone and no access to the known world.
I had no bag, no money and no key to open my gate. I could not even get a taxi and go home. There was no one there to let me in and to pay the driver.
I asked the guys to escort me back to home 711. At some stage Fabio would end up passing by to pick me up.
Before getting to the place where I got off the car, I saw Lia, coming towards me, laughing and cursing and complaining a lot.
- Oh mother! What were you doing? You just took off ... the house is 711. We already got Anita. Her friend's family are all walking around, looking for you. I am so embarassed!
I thanked the men who accompanied me, I thanked the family that was ready to comb the place looking for me, got in the car and went home.
I'll have to hear this story for years, if I know this family ...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Menina que bom que ainda tem gente boa nesse mundo! Achei muito 10 o que esses homens fizeram.Que bom que vc estava sã e salva.
ResponderExcluirE a história vai ser contada e recontada em reuniões de família, rs :)!
Bjos
Ah! Inaie! só de ler suas postagens, percebo o quanto voce é abençoada!
ResponderExcluirbeijos amiga
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)
Mulher, ainda bem que acabou tudo bem, vai lá que aqueles três homens não fossem pessoas do bem???
ResponderExcluirEles foram educados e lhe ajudaram.E o acontecimento ainda irá ser muito comentado.
Bom final de semana, bjoss
Sheyla.
Inaie, putz! É muito azar mesmo. De certa forma teve sorte por encontrar pessoas "do bem" para uma boa ajuda. Mas que dá um certo receio, isso dá.
ResponderExcluirBeijo no seu coração.
Manoel.
Eta mulher valente! Essa aí tinha que contar a seu favor... ;)
ResponderExcluirIsso ja aconteceu comigo.... hehehehe
ResponderExcluirAqui em casa é diferente, antes de sair tem que ter idicações, endereço escrito e, se necessário, mapinha de como chegar. Experimente localizar com o gps, com o google maps, no mapa da província ou em qualquer outro lugar a "Cascina Sant'Anna" em Piacenza. Só quem mora lá (e eu) sabe onde fica.
ResponderExcluir:)
Você é uma mulher de coragem.
ResponderExcluirEu teria morrido de medo.
Fico me perguntando quando foi que ficamos tão dependentes de tecnologia, né? Ainda outra dia a gente andava por aí com o número decorado na cabeça, talvez alguma coisa escrita num papel e, no máximo, um cartão telefônico no bolso...
ResponderExcluirQue coragem menina! bjinhos e adorei o seu blog.
ResponderExcluirEU realmente acho que vc tem muita sorte rsss... se fosse aqui, seria pior...
ResponderExcluirKisu!