Um amigo da Anita veio jantar aqui em casa. Ele e filho de uma brasileira, amiga minha. O pai e Saudita. O menino nasceu e foi criado no Oriente Medio e e muculmano.
Estavamos jantando e um de nos perguntou:
- Como e a relacao entre pais e filhos depois que os filhos sao adultos? Quem ajuda quem?
O menino pareceu meio confuso, depois entendeu a pergunta e respondeu com um exemplo da propria familia:
- Minha avo ja esta velhinha e ela nao esta muito bem. Ela mal se locomove. Mas a familia inteira se junta em volta dela. Minha tia cuida para que ela tenha todo o cuidado necessario, e todos os filhos e netos estao sempre na casa dela, a sua volta. Nos todos nos sentamos num sofa enorme, na sala. Ela tem uma poltrona especial, onde ela pode ficar deitada, ficar mais confortavel. Como ela nao esta muito bem, ela dorme muito e nos nos revezamos tomando conta dela, prestando atencao para ver se ela abre os olhos. Quando ela abre os olhos, e como se o sol estivesse nascendo! Ai nos todos aproveitamos e falamos coisas carinhosas para ela, pedimos para ela falar alguma coisa. Tudo gira em torno da minha avo. Depois de adultos, os filhos cuidam dos pais. Sempre.
Ai e a vez da Anita explicar como a coisa funciona na nossa propria familia:
- Minha avo e mais nova e ela e mais ativa que a sua avo, entao a gente viaja bastante com ela. Uma vez nos a perdemos na Disney. Todo mundo foi pro carro e ela entrou numa loja para comprar uns bichinhos que ela coleciona. Nenhum de nos viu, e ela ficou uma arara. Ligou pro celular do meu Tio e brigou muito com a gente. Ela ficou muito brava por a termos deixado pra tras. Nos todos rimos muito.
Numa outra vez, nos todos entramos no trem em Londres, mas ela nao conseguiu acompanhar o nosso passo, entao ela ficou pra tras e a porta fechou antes dela conseguir entrar no trem. Nos rimos muito e o meu pai ficou muito bravo com a gente. Ele nao achou a menor graca da mae dele ter ficado fora do trem. Mas nos achamos.
Quando nos a perdemos na capela sistina, la no Vaticano, nao foi tao engracado, por que o lugar e muito maior, ela estava sem telefone e nos tivemos medo de nao conseguir encontra-la mais. Dessa vez ela estava com o meu avo - nos perdemos os dois de uma vez so. Depois de mais de uma hora procurando os dois, nos finalmente ( e por sorte) os encontramos. Ai sim, rimos muito, por que eles ja estavam "achados".
Eu olhava para a Anita, que contava a historia com o maior orgulho do mundo e para o menino, que parecia aterrorizado pela historia.
Como e que nos vamos conseguir explicar para ele que "perder a avo e rir disso" e uma demonstracao de amor tao grande quando ficar sentado na sala, esperando a avo abrir os olhos, para falar com ela?
Ele deve estar achando que nos somos todos uns sacaneadores de avo!
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This week Anita invited a friend to come for dinner at our place.He is half Saudi half Brazilian. He was born and raised in the Middle East and he is Muslim.We were all having dinner and one of us asked:- How is relationship between parents and children here, after the kids grow up? Who helps whom?The boy looked a little confused, then understood the question and ilustrated his answer with an example from his own family:- My grandmother is already old and she is not very well. She barely moves now a days. Our whole family comes together around her. My aunt makes sure she has all the necessary care, and all her children and grandchildren are always at her house, keeping her company. We all sit in a huge sofa in the living room. She has a special seat, where she can lie down, be more comfortable. As she is not very well, she sleeps a lot and we take turns taking care of her, watching to see if she opens her eyes. When she opens her eyes, we all say loving, caring things for her and we ask her to say something. Everything revolves around my grandmother. So the answer your question, I have to say grown up kids take care of their parents. Always.
Anita got all excited and decided to explain how loving and caring we are in our own family:- My grandmother is younger and more active than yours, so we travel a lot with her. Once we lost her at Disneyworld. Everyone was already in the car and we noticed she was missing. She went to a shop to buy some little souvenirs she collects and lost track of us. We did not notice it, we didn't know where she was, and she got mad at us. She called my uncle's mobile and yelled at him. She called us names and was very angry with us for a while.We thought it was hilarious and laughed a lot.Another time, we all got on a train in London, but we were to fast and she could not follow our pace, so she stayed behind and the door closed before she could get on the train. We laughed a lot when we saw her outside the train - and it was already moving. My dad was mad at us for laughing. He did not find it funny at all. We did. It was hard to contain our laughter.
When we lost her the Sistine Chapel, at the Vatican, it was not so funny, because the place is much larger, she had no mobile phone with her and we were worried it would be impossible to find her. This time she was with my grandfather - we lost both of them at once. After over an hour looking for them, we finally (and luckily) found them. Oh yes, then we laughed a lot, but it did not matter, because they were already with us by then.I looked at Anita, she was so proud of losing her grandma every country we travelled together, then I look at the boy, who seemed quite concerned about this poor neglected grandma.How will we be able to explain to him that "losing grandma and laughing about it" is a demonstration of love, similar to his family gathering around his sick grandma to comfort and care for her?He must think we are "grandparent's abusers.
LIndo isso de cuidar tanto da avó!!Legal! beijos,tudo de bom,chica
ResponderExcluirLindo a familia do menino cuidar tanto da avo, ne Chica. A minha familia se especializou em "perder" a avo...
ExcluirInaie, que coisa, hein?
ResponderExcluirAcho q sempre pra a tua sogra viaja sabe q vai se perder! hahahaha
N deixa ela sair sem celular de jeito nenhum!
Sobre a avó do menino... achei linda a família cuidar dela com tanto amor, tenho certeza q sua família tb dá muito amó para a sua sogra, apenas de forma diferente!
Beijooooo
xoxo
Inaie,
ResponderExcluirFaça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Mário Quintana
Tenha um começo de semana abençoado, bjus...
Inaie, rs...rs! Moro em Taubaté e a coisa de uns 10 anos a cidade ficou repleta de muçulmanos. Construíram o templo deles e andam normalmente vestidos a caráter. No começo estranhamos um pouco (eles também devem ter estranhado) os costumes deles, porém hoje em dia já os temos como amigos.
ResponderExcluirLendo essa postagem, imagino a cara de espanto que o menino deve ter feito com o orgulho de amor da Anita, kkk!
Como você o disse: "Vivendo e aprendendo"!
Grande abraço.
Manoel.
Eu morei em Taubate, fiz o primeiro colegial no Objetivo, que tinha acabado de abrir na cidade. Morava na Chacara do Visconde.
ExcluirNa minha epoca nao havia muculmanos ai, por isso tive que me escafeder para o Oriente Medio para poder aprender mais sobre a cultura e a religiao deles.
:-)
Inaie, que legal! Moro aqui há uns bons anos. Morei em tantos lugares que nem dá para escrever tudo aqui, rs...rs.
ExcluirPor aqui é que fiquei mais.
Um abraço.
Manoel.
Boa noite, querida amiga Inaie.
ResponderExcluirVocê tem razão. A sua dinâmica sogra se perde, mas tem o amor dos netos, que sorriem para ela, felizes por reencontrá-la.
A muçulmana, apesar de estar sofrendo, sabe que ao abrir os olhos, vê os netinhos dedicados e cheios de amor.
Desejo-lhe uma linda semana abençoada.
Beijos.
Ianie querida, muito legal ver como as diferentes culturas lidam com as mesmas situações.
ResponderExcluirAdorei seu blog!
Bjos
Vero
Sinal de amor mesmo! Quanta gente nao leva a avo pra viajar? Voces viajam juntos, mesmo perdendo a avo de vez em quando... hahahaha
ResponderExcluirA avó se perde, mas adora viajar com a familia, adoro essa meio loucura toda que a gente se afunda quando viaja, e estar com voces é para mim um momento precioso de minha vida.que venham mais viagens e mais perdas, mas sempre se achando.....
ResponderExcluirAh Leya, o seu recado me emocionou. E voce teria ficado orgulhosa de ver a sua neta, toda pimpona contando com um sorriso de orelha a orelha todas as vezes que a familia te perdeu... E ela nunca disse que voce se perde, segundo ela, nos perdemos voce. Ou seja, a culpa e nossa!!
ExcluirComo é difícil explicar essas diferenças culturais (e as vezes é difícil mesmo entender!)
ResponderExcluirMas o mais difícil para mim é explicar que adoro a minha família, somos próximos, mas não temos há anos nenhum contato com a minha avó, que tanto problema já causou a nossa família. Houve um momento em que preferimos nos afastar, esperando talvez que ela pedisse ao menos desculpas e se arrependesse, o que nunca aconteceu. Também acredito que não é porque a pessoa é do "nosso sangue" que devemos aceitar tudo o que ela faz.
Passo por "sem coração", mas fica difícil esquecer (néao digo nem perdoar) algumas coisas que ela fez.