sexta-feira, abril 6

Doncovim / My childhood



Inspirada pelas narrativas do Ernani e da Bel, resolvi entrar na danca e contar a minha trajetoria de vida.
Lendo as historias desses dois amigos queridos, me lembrei de coisas e acontecimentos que ha muito haviam sumido da minha memoria. E foi terapeutico.
Vou dividir com voces a minha historia ( se achar chato, pode pular...a terapia afinal e minha)

Sou filha unica. Nasci em Aguas de Lindoia quando a minha mae tinha apenas 18 anos. Meu pai tinha 20 anos e eu acho que nenhum dos dois sabia muito bem o que era esse negocio de brincar de casinha. Muito menos de boneca.
Diz a minha mae que meu pai chegava para almocar e ela estava brincando comigo ( ainda bebe) e nao tinha nem pensado em fazer o almoco.
Cresci comendo bobagens a qualquer hora do dia ou da noite. Acho que ela nunca aprendeu que a casa deveria ter cafe da manha, almoco e jantar.
Cansei de ver a minha mae tomando coca cola e comendo bifes de manha.
E pra mim, era uma farra. Chocolate, iogurte e danoninho eram permitidos a qualquer momento. Segundo a minha mae, a geladeira tambem era minha - nao tinha cabimento eu ter que pedir permissao para comer na minha propria casa.
Meu pai desde sempre, trabalhou feito um doido para sustentar a familia que ele criou assim que saiu  da adolescencia.
Tenho flashs da minha infancia, mas poucas lembrancas solidas.
Me lembro de passar muito tempo na casa da minha avo, em Serra Negra. A imagem e sempre a mesma. Eu, sentadinha na sala, brincando sozinha com pedras de aquario. Ou deitada no sofa assistindo Jerry Lewis na sessao da tarde. Nao me lembro de passeios, saidas, amiguinhos.Pra minha avo, ninguem era bom o suficiente pra ser meu amigo.
Quando iamos a casa da minha Tia Maria ( 1 vez por mes, talvez) , a coisa mudava - e eu brincava com o meu primo que e 4 anos mais velho que eu.
Brincavamos de indio ( e ele passava terra vermelha em mim, pq a indiazinha era eu), brincavamos de carrinho ( e ele me arrastava num pano pela casa afora, ate ele se cansar, dar um solavanco no carrinho e me derrubar de costas, inevitavelmente batendo a cabeca no chao - sempre a mesma brincadeira, sempre o mesmo final). Me lembro de irmos pra pracinha pegar sementinhas no chao.
Esse meu primo, o Pedro, sempre foi meu idolo. Ele era lindo, sabia tudo. E era bem mais velho, ele ja tinha 8 anos.
me lembro de inventar amigos imaginarios, jogar jogos de tabuleiro como se eu fosse duas pessoas diferentes, brincar de gangorra sozinha - eu corria de um lado pro outro da gangorra ( sim, em pe, em cima da gangorra), pra faze-la subir e descer...
Tambem passei muito tempo na casa da minha madrinha em Sao Paulo. Eu era a unica crianca na casa, ficava horas na frente da televisao. Na adolescencia continuei passando as minhas ferias la, mas troquei a televisao pelo telefone - o sofa era o mesmo. Ficava hoooras deitada nele, conversando com qualquer um disposto a jogar conversa fora.
Alem dessas, minhas lembrancas sao poucas. Nao me lembro de muitos amigos, nem de muitas aventuras. Nao tenho lembrancas tristes - nem me lembro de me sentir sozinha. Eu tinha a impressao de ser a dona do mundo. Os adultos da minha vida sempre me fizeram sentir especial, me fizeram acreditar que eu poderia fazer o que eu bem entendesse da vida, por que eu era uma pessoa capaz.


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Reading posts of two good bloggers ( sorry, they only write in portuguese), I had flasbacks of my own life and found it therapeutic.
I'll share with you my life story (if you find annoying, just ignore it ... this is my self therapy)I am an only child. I was born in Aguas de Lindoia ( Brazil)when my mother was only 18. My father was 20 and I think neither of them knew very well what they were doing. They were playing with a lil doll. 
My mother tells me my father would come home for lunch and she would be playing with me ( I was still a baby), and there would be no lunch for him.

I grew up eating whatever I wanted, whenever I wanted it. I guess she never learned a normal house should have breakfast, lunch and dinner.She would drink coke and eat steak for breakfast. I saw it far too many times.As gastronomy went, I had a free ride. Chocolate, yogurt, sweets  were always available. I remember taking packages of chocolate biscuits to school - and I did that throughout my education years, until i graduated from University.
According to my mother, the house was mine too - and it would be unthinkeable to have to ask permission to eat in my own house.My father has always worked like a madman to support the family he formed straight after his teen years. He would have two jobs, to make sure I would have enough.I have flashbacks of my childhood, but few solid memories.I remember spending much time at my grandmother's house. The memory is always the same. I was sitting in the livingroom, playing alone with aquarium stones. Or lying on the sofa watching Jerry Lewis on TV. I do not remember trips, outings, having friends around. For my grandma, no one was good enough to play with me.Once in a while, my grandma tooke me to visit my Great Aunty Mary - she had a son who was only 4 years older than me, and we were great buddies when we met.
We prettended I was a native Indian (and he would paint me with red dirt), we pretended I was driving a car  (while he dragged me  all over the house, sitting on a cloth, until he  got tired, pulled the cloth and made me fall backwards, hitting my head on the floor. It was always the same game, always the same ending) We went out and collected seeds from the trees.
Pedro was my hero. He knew everything there was to know. And he was much older, he was already  eight.I remember making up imaginary friends, playing board games  alone (like I'm two different people), playing seesaw alone - I ran from side to side of the seesaw (yes, Standing on top of it), to make it go up and down ...I also spent much time in my godmother's house in Sao Paulo. I was the only child in the house and spent hours in front of the television. In my teens I kept going there on my hols, but I switched the television for the phone - the sofa was the same. I spent hours lying there, talking to anyone willing to make small talk with me.Besides these, my memories are few. I know it sounds sad, but I never felt sad. i did not even realized i was lonely. I somehow felt special. The adults in my life made me feel really special and capable of doing anything I wanted.


16 comentários:

  1. Gostei da tua terapia e fui fazendo a minha de tabela. Também via o Jerry Lewis na sessão da tarde e o sítio do pica pau amarelo a tardinha. Adorava a casa da minha vó e sua infinidade de pão cortadinho com manteiga no pires em frente à TV. Sem esquecer o café com leite bem quentinho e os bolinhos de chuva no inverno.
    Bom lembrar
    Um grande bj e boa Páscoa!

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  2. Oi, Inaie

    Creio que qdo vc fez esse resumo de sua infância deve ter passado um filme em sua cabeça...a coisas que passamos qdo crianças que nos marcam muito sejam as boas ou as ruins.

    A infância da nossa epóca é tão diferente da de hoje nè?!
    Enfim uma ótima Páscoa para vc e sua família.

    beijinhos

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  3. Inaie, que postagem gostosa de se ler. Você é uma pessoa bastante especial. Adoro a sua disposição e alegria. Sua "terapia" transmitiu coisas muito boas para a gente. Até forçou uma pensadinha no caminho de nossa vida.Muito bacana.
    Grande abraço.
    Manoel.

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  4. e EU AMEI essa postagem neh?
    vc teve uma infancia bem saudavekçl, tirando as besteirinhas q comia, mas quem nao come??? ahhh q delicia!! rsrsrs.

    Amei ler essa retro, parece q vi sua infancia na tv! imaginei cada detalhe, agora fiquei curiosa, q telefone vc usava pra conversar?? tem alguma conversa q vc lembre e de risada?? conta pra gente vaaaaaiii, rsrsrs.

    bem, vou indo embora, ja sao 3 da madruga, mas me diz uma coisa, como faço para colocar a traduçao embaixo, sem ter q escrever tudo de novo??? vc escreve tudo???

    diz q naaaao!!! rsrsrs

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    1. Oi Luly, obrigada pelo carinho.
      Confesso que as conversas ao telefone nem eram engracadas, por que eu passava o dia conversando com meninos que queriam me namorar e massageando o meu ego!

      Quanto ao texto em ingles, eu coloco no tradutor e depois reescrevo o que sai errado ( e 70% sai errado). As vezes acho mais facil simplesmente escrever tudo outra vez ( por isso alguns textos saem diferentes. eu me empolgo e acabo escrevendo coisas "parecidas, mas diferentes".

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  5. Sabe! voce eh uma pessoa que eu vejo assim: um lindissimo ser humano que por onde passa deixa um rastro de perfume. marciaf56

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  6. Inaie,
    Que este domingo seja muito bom, E se possível, ao lado das pessoas que você quer bem. A páscoa é a ressurreição de Cristo, é o seu renascimento. Por isso nada melhor do que aproveitar este domingo para refletir. Fazer o levantamento da vida para saber se é necessário recomeçar, Porque, páscoa é isso, é o momento de renascer. Seja para o novo modo de vida, para o amor, para amizade. Enfim, se na sua vida existe algo que não está bom, porque não parar, recomeçar e renascer para a felicidade!
    Com carinho, Arione.

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  7. Você foi muito amada!!
    Você morou muito tempo em Lindóia? Namorei um garoto dessa cidade! Ele ia e voltava todo final de semana para a minha cidade.
    A minha mãe também nunca me proibiu de comer o que eu queria, só que ela era muitas vezes confundida com minha avó, porque me teve bem mais velha. Tenho uma diferença de mais de 25 anos dos meus irmãos.
    Feliz domingo de páscoa!!
    Beijus,

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  8. Olha eu aí! [orgulho de ser "amiga querida" mode on]
    Também sou filha única... mas aqui em casa esse lance de comida e horário era muuuuito rígido. Talvez porque meus pais tinham O DOBRO da idade dos seus (36 e 40) quando eu nasci!!!
    Não tive irmãos, mas tinha mil primos, e morávamos todos na mesma rua, pense na bagunça? Lembrei de muitas brincadeiras também... e do grude na TV. Mas minhas férias... eram na roça ou na casa da única tia que não morava na nossa cidade. (Passei o dia com ela hj em Itacaré, veja fotos no Facebook: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.393886457303238.97609.100000456614753&type=3&l=1d829e93a0 )
    Bjo, e desculpe o comentário monstro!

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  9. Que memórias boas, gostosas e bem narradas!

    Páscoa docinha para vc Inaie!

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  10. Nem imagino o que significa ser filha única, somos em 4 irmãos. O que para alguns poderia ser um motivo para se lamentar, pra você é uma vantagem. Acho que nunca vi minha mãe tomando coca-cola, mas bife pela manhã (e em qualquer horário) nunca foi proibido.
    :)

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  11. Também sou filha única e isso nunca me causou qualquer trauma. Cresci muito bem, sendo a melhor aluna da escola, do liceu e mais tarde da Faculdade. Fiz apenas questão de não ter apenas um filho (tenho 2), apesar de sempre ter sido bem sucedida. Sempre fui lider e nunca vítima.
    Adorei esse flash da tua infância.
    Beijo
    Nina

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  12. Feliz Páscoa, minha querida, depois volto para te ler como vc merece! ;)
    Bjbj
    She

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  13. Inaie
    A vida nao tem receita pronta, e dificil ser filha, ser mae, ser ...
    O importante e ser feliz!

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  14. Linda menina venho deixar um beijo e seguir seu blog.
    Ser filha única creio não ser muito fácil
    tenho uma unica irmã gostaria muito de ter tido um irmão.
    Vejo minha irmã com uma unica filha hoje ela lamenta dizendo que a fila dela não andou.
    Fui bem corajosa tenho 2 filhas e um filho meu filho se casa em novembro.
    Por outro lado uma das minha filhas foi m~e aos 15 anos.
    O resultado de tudo hoje tenho 4 netos 1 neta e em julho terei uma bisneta.
    E completei escrevendo um livro que já esta na editora em junho nasce meu livro em Julho minha bisneta (LARA).
    Carinhosamente te seguindo beijos linda semana.

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  15. Inaie, que coisa boa! Como eu disse pra Bel, fico feliz só de ter ajudado a cutucar essas lembranças bonitas. Já gostei demais do início e tenho certeza de que os próximos capítulos serão ótimos também. O bom de crescer é que a gente aprende a escolher mais pessoas pra brincar junto na gangorra, né? ;) Bjao

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