segunda-feira, abril 9

Docovim II - a terapia continua! Teen years - getting it all out!

Ate os meus 17 anos, morei em muitas cidades diferentes.
Sao Paulo ( qdo ainda era um bebe), Campinas, Tremembe, Sao Vicente ( 2 x), Taubate, Campinas ( 3 vezes), Lindoia e Aguas de Lindoia.
Foram 11 mudancas de cidade ( e consequentemente escola) e tantas outras mudancas de casa. Meus pais tinham um espirito aventureiro que deve ter passado para mim.
Nessas indas e vindas, aprendi a ser flexivel, a me adaptar , aprendi a "me virar". Aprendi a me apegar rapidamente e me desapegar com a mesma rapidez. Na adolescencia fiz amigos que trago comigo ate hoje, mas eles nao sao muitos.
Sempre fui de ter uma grande amiga ( em cada cidade onde morei)e passar a maior parte do tempo com ela.
Apesar das mudancas, das descobertas e do aprendizado, eu sempre me senti um peixe fora dágua. Sempre me senti diferente. E sempre ouvi que eu era diferente. Passei anos tentando entender essa "diferenca" mas nunca me dispuz a mudar quem eu sou. Ainda hoje ouco que sou diferente. Ainda hoje nao tenho a menor ideia do que estao falando.
Na maioria das escolas por onde eu passei, as outras criancas riam de mim, faziam chacota, me "zoavam". As vezes eu ficava triste, outras eu nao me importava. Essa "zoacao" rolou ate eu me tornar adolescente, ai eu descobri o meu lugar no mundo, desentortei as costas e liguei o foda-se. Simples assim.
Sempre fui muito popular com os meninos ( o que deve ter me ajudado bastante na decisao de ligar o foda-se). Tive o namorado que quis, quando quis ( ui!), mas as amizades femininas nunca foram em abundancia ( e confesso que nunca me importei com isso - so percebo isso hoje). Eu sempre achava as meninas sem graca, sem sal, tontas. E os meninos muito mais interessantes. Eles sempre estavam fazendo alguma coisa divertida, sempre descobrindo coisas, sempre vivendo mais que as meninas que estavam sempre preocupadas com maquiagem, roupas e ... meninos.
Enquanto isso, eu me metia em grupos masculinos e ia andar a cavalo, ia pro lago "andar"de caiaque, me metia em aventuras mil. Eu saia muito, vivia "na rua", mas nunca fui uma menina da noite. Eu passava o dia inteiro pra la e pra ca, indo ver jogos de volley, basquete, sentada na pracinha jogando conversa fora, falando bobagens e rindo. Me lembro de passar muito tempo na agua - na piscina, na praia. E muito tempo sozinha na frente da TV ( mais TV). Ate hoje isso acontece. De tempos em tempos, me fecho na minha propria concha e fico prostrada na frente da TV o dia todo ( ou na frente do PC, ou com um livro na mao)
Apesar das mudancas constantes, sempre fui bem na escola, apesar de ter tido um pouquinho de problemas de comportamento.
Eu pulava o muro da escola para ir comer pastel na feira, subia na caixa dágua da escola para tomar sol, matava aula dentro da propria escola e nos lugares mais inusitados (  como a sala dos professores ou o banheiro dos professores - so pra ver se eu era pega).
Uma vez a minha melhor amiga foi expulsa da escola por mal comportamento ( ela sempre era pega, eu nunca era - e ela nao me dedurava). Naquele fim de ano, mudamos de cidade e eu digo pra todo mundo que fui expulsa do Objetivo de Campinas naquele ano. Mentira - expulsa foi a minha amiga. A minha "expulsao" e so um ato de solidariedade. Nunca realmente aconteceu. Convenci ate os meus pais de que eu tinha sido expulsa, quando nao tinha sido.
Mae, eu sei que voce le o blog - ta vendo ? Eu fui melhor comportada do que voce pensava! Acho que essa e a primeira vez que ela ouve que eu nao fui expulsa daquele colegio.
Hoje, em restrospectiva, acho que sempre falei muito mais do que eu fiz.
Eu gostava ( gosto??) de alimentar essa imagem de intrepida, irreverente e destemida, mas acho que fui muito mais normal e sem graca do que as pessoas ( e eu mesma) estao dispostas a acreditar.
Uma unica vez tomei um porre. Meu pai me colocou de castigo por 6 meses - mas nunca nem me avisou do castigo. Magicamente deixamos de ir para Lindoia nos fins de semana. Moravamos em Campinas e eu tinha 15 anos. So me dei conta que aquilo foi um castigo quando eu tinha mais de 30 anos.
Minha mae, na tentativa de "me proteger" lia meus diarios, remexia as minhas gavetas, se fazia de amiga das minhas amigas para descobrir meus segredos, abria as minhas cartas ( oi??).
Quanto mais ela me infernizava, mais eu posava de "menina ma".
A uma certa altura ela se convenceu que eu usava drogas por que eu tinha "cabelo de maconheira".
Verdade que meu cabelo era meio anticonvencional. Eu nao usava pentes, escovas ou drogas. Eu era descabelada, nao drogada. Hoje que sou mae, nao consigo entender como a minha mae conseguiu confundir as duas coisas. Deixa pra la, ne?
Olhando pra tras, acho que eu nao penteava o cabelo em sinal de rebeldia. Quando eu era pequena, minha mae nao me deixava cortar o cabelo. Aos 10 anos meu cabelo batia na bunda. Apesar de nao sermos religiosos, acho que eu parecia crente. E me lembro das vezes que peguei piolho, do inferno que era para limpar aquele cabelao, do sofrimento para desembaraca-lo, para pentea-lo, para lava-lo.
Assim que eu pude "mandar" na minha propria vida, cortei o cabelo curtinho, bem Joaozinho. Depois deixei crescer e nunca penteei. Lavava, passava os dedos para desembaracar e o cabelo estava pronto.
Desde entao o meu cabelo e um vai-e-vem. Corta pra deixar crescer...Cresce pra cortar!
Fui namoradeira. Acho que eu era uma adolescente bonitinha e os meninos se interessavam por mim.
Namorei um monte. Ainda bem que naquela epoca os namoros eram inocentes e inconsequentes.
Minha mae, tao preocupada em me controlar, nem percebia as minhas escapulidas para encontrar os namorados. Ela estava muito preocupada com o meu cabelo de maconheira.
Aos 17 anos me mudei de Aguas de Lindoia para Campinas, para ir para a Faculdade. Eu era a pessoa mais nova da sala. Alem de estar um ano adiantada academicamente, passei no vestibular sem fazer cursinho.
 Minha mae arrumou a malinha dela e foi comigo, pra ter certeza que eu nao ia fazer "nada errado". Um ano depois, insatisfeita em "so" morar comigo, ela resolveu fazer outra faculdade e se matriculou num curso de turismo, no mesmo bloco onde eu cursava jornalismo. Viramos colegas de universidade ( eu mereco???)
Continuei muito proxima da minha avo, mas ela estava lutando contra o cancer e ele parecia estar levando a melhor.
Eu nao is a night clubs. Saia, ia a barzinhos, mas nao participava das festas da faculdade, nao era da turma da farra. Aos 18 decidi que eu seria motoqueira - e meu pai avisou que jamais me daria uma moto. Poderia me comprar um carro se eu quisesse, mas moto nem pensar.
Minha unica opcao foi transferir o meu curso pra noite e comecar a trabalhar. Essa moto viria, de um jeito ou de outro...

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In my first 17 years I lived in many different cities.Sao Paulo ( still a baby), Campinas, Tremembe, Sao Vicente (2 x), Taubate, Campinas (3 times), Aguas de Lindoia  and Lindoia.There were 11 changes of city (and consequently schools). My parents had an adventurous spirit that must have passed to me. With all these comings and goings, I learned to be flexible, to quickly adapt to change. I learned to get attached to things and people quite fast and let go just as quickly.
I still have friends from my teen years, but they are not many.I would normally pick one friend (in each city where I lived) and spend most of my time with her.
Despite the changes, discoveries and learnings, I always felt like an outsider. I always felt different.I also heard I was different. I spent years trying to understand this "difference" but I was never willing to change who I am or how I do things. All I wanted was to unedrstand.
Even today I hear  I'm different. I still do not have the slightest idea what people are talking about.I've always been very popular with boys. I could pick and choose whatever boyfriend I wanted, but the female friendships were not in abundance (and I confess I never cared about it - I only realize  it today).
I lived a busy life, I was always out and about, doing lots of things at once, but i was not a night girl. I remember spending lots of time horse riding, kaiaking, swimming, chatting and some more time alone, in front of the TV.
I am still a lil like that. I love having lots of people around, but sometimes I have to hide and spend some time with myself.
Despite the constant changes, I was a good student. I had good grades, even though sometimes my behavior was not outstanding. 
I scaped to eat fresh food from the street market, I sunbathed on the  school's roof top, I skived and hid within the school, in the most unlikely places (like teachers' lounge or teacher's bathroom only to see if I was caught).
One year, my best friend was expelled from school for bad behavior (she was always caught, I never was - and she never told on me). That year, my family moved to another city and I told everyone I got kicked out of school foe misbehaving.  It was not true, but I even convinced my parents I was expelled. At least I felt loyal to my friend ( who was really expelled).
This is the first time my mother hear about it. See, mum? I was better behaved than you thought!Today, in retrospective, I think I was all talk and no action.I loved (love?) to mantain the image of  a fearless, irreverent girl, but in the end of the day, I think I was just a normal, ordinary girl.
During my teen years, I only got drunk once. My father grounded me for six months - but never even told me I was being punished. We simply stopped going to Lindoia on our weekends. We lived in Campinas and I was 15.
My mother, trying to "protect me" read my diaries, rummaged through my drawers, opened my letters .The more she annoyed me with this kind of behavior, , the more I posed as "bad girl".
At one point she became convinced I took drugs because I had "pothead hair."
In fact my hair was a bit unconventional. I did not use combs, brushes or drugs. I was disheveled, not a pothead.
Tody, being a mother, wonder how my mother managed to mix up the twothings.
Looking back, I think I did not comb my hair as a sign of rebellion. When I was little, my mom made me wear long hair. At the age of 10 my hair reached my bum. Despite not being religious, I think I looked like a believer ( one of those who can never cut their hair).
I remember the times I got lice, it was hell to clean up that long hair, the suffering to untangle it every morning, how hard it was to comb or wash it. 
As soon as I was old enough to take care of my own life,  I cut my hair very short, like a boy. Then I let it grow  again, but never combed. I would wash is, run my fingers to untangle it and was ready.
 I guess I was a pretty teenager and boys were interested in me.I dated a lot. Thankfully, at that time courtships were innocent and inconsequential.My mother, so worried trying to control ever movement I made, did not even realize my escapades to meet my boyfriends. She was too worried about my pothead hair.
At 17, I moved from Aguas de  Lindoia to Campinas ( a much bigger city), to go to university. I was the youngest person in my class. Besides being a grade ahead academically, I passed the entrance exam without prep. My mother packed her suitcase and moved with me, her intention was to make sure  I would not do "anything wrong".
A year later, unsatisfied by "only" living with me, she decided to go back to uni and enrolled in a  tourism degree, in the same block where I was studying journalism. We became university "colleagues". Can anyone believe it?
As a teen I did not go to night clubs. I went out to bars, but I was not a party animal.
I was still very close to my grandma, but she was battling cancer and the desease seemed to be winning.
At 18 I decided I would be a biker - and my father warned me he would never buy me a bike. He would buy me a car if I wanted, but a bike was out of question.
My only option was to transfer my course to the night shift and get a job.
The bike would come, one way or another ...

13 comentários:

  1. Tô adorando a terapia.
    Sigo aguardando os próximos capítulos.
    Um bj

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  2. siquente capitulo por favor, beijos

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  3. TO ACHANDO Q SEU PAI È UM PAI MUITO BOM!

    Menina, eu tbm nao penteava , nem penteio meu cabelo atè hoje.1/ porque ele è ondulado, entao somente passo um pente quando tomo banho, se passar depois de seco, fico parecendo o REY LEAO...rsrs. Entao, so quando tomo banho msm, durante o dia, façoq nem vc, molho e ajeito com a mao, rsrs.

    to amando seus posts.
    beijos.

    hahaha, ia esquecendo d comentar...
    queria se livrar da mamae neh?kkkkkkkkkk

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  4. Oi Inaie,
    Quanto tempo...vi que perdi muita coisa boa por aqui, vou ficar grudadinha na terapia!! Ah, eu também me mudei bastante...meus pais eram meio inquietos também...rsrsr.
    Uma linda semaninha pra você.
    bjokas

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  5. MIGA, VIM TE AVISAR Q MEU BLOG MATERNAL, RS,
    E ESSE AQUI:
    http://manantialdecaricias.blogspot.com/

    O OUTRO E SOBRE MEU ARTESANATO, Q VOU COMEÇAR A POSTAR AS FOTOS AOS POUCOS,

    NAO PRECISA AGRADECER NADA! ADORO VCS
    ACHO Q ANITA PUXOU A VC, HEHE, BEM DIVERTIDA.

    E Q RIQUEZA DE VOCABULARIO!!! COMO ESCREVE BEM! ME PEGO MTAS VZS TENTANDO ENTENDER ALGUMAS COISAS Q ELA QUIZ DIZER.RSRS.

    BJAO!

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  6. Olha... quase a mesma coisa que eu! soh que eu usava cabelo azul e andava com punks.. Fui anarco-punk por anos, pra desespero da minha mae hippie... Ela tambem lia meu diario, abria minhas cartas e coisas piores... segundo ela pra me proteger... E ela tambem se equivocou taaaaannntoooo com tanta coisa... hahahaha... Eu fiz 1% do que ela acha que eu fiz e ao mesmo tempo muito mais do que ela jamais imaginaria...

    Enquanto isso eu era a melhor aluna da sala e super mega blaster antisocial... E so tinha amigos muito loucos, mais velhos...

    Tem foto sua com o cabelo de "maconheira"?? posso ver? =)

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  7. Inaie, que pessoa incrivel essa adolescente!...rss...teve algumas coisas que me identifiquei tb!Uma certa rebeldia que acho que é comum nessa idade!Eu era meio louca e acho que vc tb!( espero que não se ofenda,é loucura boa!...rss...).Bjs e meu carinho!

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  8. Inaie, a tua vida dava um filme. Gostei de saber. Conta mais!
    E agora a viver aí bem longe , nos Emiratos Árabes. Há 3 anos visitei o Dubai que me deixou extasiada, mas, definitivamente, não me adaptaria a viver aí. Conta mais, vá...
    Beijo da Nina

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  9. Hahahaha! Essa terapia tá boa demais! Inaie motoqueira, 'maconheira', namoradeira... Tô curtindo muito! Já pensando em quando vamos transformar isso em filme... ;)

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  10. Oiii
    menina eu ri muito lendo a sua historia... tem algumas coisas em comum com a minha...
    eu nao pulava o muro da escola, eu enrolava a secretaria e saia pela porta! hahaha
    uma vez ela percebeu e depois saiu correndo para me procurar, me achou dentro de um mercadinho e me arrastou de volta pra escola!
    Agente tem que passar por essas aventuras para ser feliz!
    bjssss

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  11. Eu tb não tinha paciência com as meninas, sempre preferi a cia dos meninos pq eles eram desencanados, não eram histéricos e isso me agradava... adorei saber um pouquinho mais da sua vida.

    Kisu!

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  12. Inaie, está muito legal essa reportagem terapêutica. É gostoso recordar isso, né?
    O Ernani está certo. Daria um filme e tanto.
    Manoel.

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  13. Adorei saber mais sobre você! A minha adolescência foi bem complicada, não gosto delembrar muito...era insegura, nunca tive namorado sério até os 20 anos...foi um período complicado, com uma mãe repressora e muita insegurança emocional.

    Quer trocar comigo? rsrssrrsr (você devia escrever crônicas para jornais).

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