sexta-feira, novembro 30

Eu fui, eu vi, eu experimentei! I went, I saw it and I experienced it!

Já disse que o carinho e a atenção com que fomos tratados na Ashura foram tocantes. Mas o que mais me impressionou foi um dos fieis trazer o chicote para eu ver, pegar e pasme...eu pedi para experimentar e ele deixou!
 
I mentioned time and time again how overwhelming was the experience I had at Ashura this year. What impressed me even more was one of the guys bringing me his whip to see, hold and he even let me try it!

 
Eu me dei cinco chicotadas! E quase não acreditei quando elas não doeram. Quase não devolvi o chicote pro rapaz, mas achei que roubar chicote em manifestação religiosa era fim de linha - até prá mim!
 
I beat myself five times with the whip - and was surprised to learn it did not hurt at all!
I even considered keeping the whip, but decided otherwise, as "stealing" a whip in a religious gathering would not get me extrra points with God.

 
:-)

 
Esse ano havia também um grupo de mulheres. Elas caminhavam e batiam no peito, com a mão espalmada, no ritmo dos tambores, que simulam as batidas do coração humano.
Muito emocionante!
 
This year I had the opportunity to see a group of ladies who walked and beat their hands over their chest, following the music. The music simulates the human heart beating and it is very engaging!

Azza - durante a azza, homens de todas as idades caminham em grupo, lamentando a morte de Iman Hussain e sua familia.
Muitos usam o chicote nas próprias costas para simular a dor que a familia sofreu antes de ser assassinada.
 
Azza - during the Azza, men from all ages walk alongside each other, mourning the death of Iman Hussain and his family.
Many use the whip on their backs to simulate the pain and suffering of Hussain's family before they were killed.

 
Outros caminham de mãos livres, batendo no peito e na cabeça, sempre acompanhando a batida dos tambores.
A emoção de presenciar essa cerimonia religiosa é indescritivel. Eu fiz alguns videozinhos, mas nada se compara á experiencia de estar ali, pessoalmente!
 
Other men simply walk together, empty hands, beating their own chest and head with open hands, always following the music - simulating the heart beat.
 
 

terça-feira, novembro 27

ASHURA


Esse ano, tive dificuldade em escrever esse post. Já disse tanto nos posts de 2010, publicados aqui e aqui, que fiquei com medo que esse ficasse redundante.

This year it took me forever to manage to write my ashura post. I wrote so much in 2010, posted here and here that I am afraid this post will be a repetition...

Wikipedia - O dia da Ashura é o décimo dia do Muharram do calendário islâmico, marcando o clímax da reflexão do Muharram
Ele é celebrado pelos muçulmanos  xiitas como o dia do martírio de Husayn ibn Ali, neto do profeta Maomé, na Batalha de Karbala ( Iraque)

Essa é a definição da ASHURA na wikipedia. Há dois anos, estive nas ruas com a população xiita e presenciei pela primeira vez o ritual. Conto a minha primeira experiencia aqui.
Desde então, alguns amigos estrangeiros me pedem para ir com eles á ASHURA. Apesar da intempéries politicas, esse ano decidi ir novamente. Eramos seis estrangeiros, três homens e três mulheres. Nosso anfitrião dessa vez foi um dos alunos do Fábio.
Antes de entrar no discurso religioso, eu preciso dizer o quanto eu me senti acolhida, benvinda e paparicada por todo mundo que estava ali pelas ruas.
Existe no ar um certo orgulho em poder compartilhar esse sentimento de dor e luto com pessoas que não conhecem a história, que não fazem parte da religião.
Assim que chegamos, o Ali foi nos levar para conhecer os MATAMS ( locais onde familias xiitas se reunem para estudar o al corão, para aprender mais sobre a religião, entre outras coisas).
Fomos recebidos em todos os lugares com sorrisos no rosto, com comida e bebida á vontade. As pessoas nos paravam na rua para perguntar de onde nós eramos, para nos fazer sentir acolhidos e benvindos.
Divido com vocês, um pouco da minha experiencia.


Wikipedia -  Day of Ashura -is on the 10th day of Muharram in the Islamic calendar and marks the climax of the Mourning of Muharram.
It is commemorated by Shi'a Muslims as a day of mourning for the martyrdom of Husayn ibn Ali, the grandson of Muhammad at the Battle of Karbala ( Iraque)

This is the wikipedia definition, however I wish to share with you my own experience, my views, my feelings and my vision of this day.
This is the second year I join the Ashura celebrations and this time I took several friends with me. We were 6 in total. Me, my husbands and four people no one at the villages knew.
I have to say I have never felt so welcome, so cared for, so pampered.
We first visited the matams ( place where shiá families meet to study the al corão, learn more about religion or discuss important matters) in Manama. Everywhere we went we were greeted with smiles, food and drinks.
Walking on the streets, people would stop and greet us. Ask where we were from, have a lil chat with us, making us feel comfortable and safe.
ASHURA is a sad day, a sad month in fact, but in the village, we felt a warm embrace, and the feeling they wanted to share their religion and their beliefs with us.
Here is a lil bit of what I saw and experienced.

Manama and other Shia Villages dressed up to mourn the death of Iman Hussain and his family, some 1300 years ago.
 
Manama e as outras vilas xiitas de Bahrain se "enfeitaram" para lamentar a morte de Iman Hussain, mais de 1300 anos atrás.

 
Houses, walls, matams, they were all adorned to reflect their pain and sorrow.
 
Paredes, muros, casas e becos. Tudo lembrava a dor e o sofrimento dos fiéis.

 
Families provide food to everyone who come to mourn Iman Hussain's death. Because he and his family were deprived from food and water for days before they were killed, there is enough food available to feed the whole island.
Sandwichs, hot meals, finger food as well as water and juices are offered free of charge to whoever is around.
 
Familias passam dias cozinhando para alimentar as pessoas que vem lamentar a morte de Iman Hussein. Ele e a sua familia foram privados de comida e água antes de serem mortos, e a abundanca de comida é uma forma dos xiitas prestarem sua homenagem ao seu martir. Além da hospitalidade ser uma das grandes características dos Árabes em geral.
Havia comida suficiente para alimentar todo o país.
Sanduiches, arroz e carne, petiscos, além de água e suco estavam disponíveis para quem passasse por ali.
 
 
Todos os anos, artistas se unem para retratar o martírio da familia de Iman Hussain. Os quadros ficam em exibição durante os dias de lamento e estão á venda. Artistas com todos os níveis de habilidade expõe, lado a lado, todos com o objetivo de expressar sofrimento pelas mortes de Karbala.
 
Every year, several artists with different abilities produce paintings depicting the scenes of the Karbala deaths.

 
No one is too small to join in. It is quite common to see babies and small children dressed up like Hussein's family members.
 
Crianças de todas idades participam do evento. É comum ver criancinhas e bebês vestidos como familiares de Hussain.

 
A mixture of curiosity and cultural interest drag many expatriates to Ashura. The locals are overwhelmingly welcome, making sure we feel safe, comfortable and respected at all times. They are keen to show us what Ashura is all about and it is not uncommon to have strangers coming up to us to express their pleasure in having us amongst them.
Along with their greetings and open smiles, the insistance in feeding us is constant.
 
 Um mixto de curiosidade e interesse cultural atrai muitos estrangeiros ás vilas. A minha experiencia é inacreditavelmente positiva. Todas as vezes que eu visitei a Ashura, fui recebida de braços abertos, e provei a extrema hospitalidade e generosidade do povo local.
Além das pessoas virem nos cumprimentar, eles se colocavam a disposição para responder perguntas, dar informações e esclarecer qualquer dúvida que nós tivessemos.
Além de nos oferecer comida e bebida o tempo todo.

People from all over the island gathered here . There was enough food and drinks to feed the whole island. During the 10 days of Muharram, worshipers mourn the death of Iman Hussein and his whole family. There are no happy celebrations during the whole month. No weddings, no birthday parties, no parties in general.
 
pessoas de todos os lugares de Bahrain se reunem em Manama ( embora todas as villas tenham a sua própria celebração da Ashura, Manama é sem duvidas a maior concentração de fiéis).
Durante o mês de Muharram, os xiitas banem qualquer tipo de festividade ou celebração. Não há casamentos, nem festas de aniversário. Na verdade, não há festa de nenhuma espécie.


 
This is the Persian Mosque in manama. Just gorgeous!
 
Essa é a mesquita Persa no coração de manama. Ela é simplesmente linda!

 
Some women prefer to see it from the distance and just watch it from their windows.
 
Algumas mulheres preferem não se misturar ás massas e escolhem ter uma visão privilegiada, de suas janelas.
 
 
Other women chose to hide behind plastic curtains, to preserve their clothes from possible unwelcome splashes. Just some more pics and you will understand what I am talking about
 
Outras mulheres se aglomeram atrás de uma cortina de plático, para ter uma visão mais próxima, sem correr o risco de terem as suas roupas sujas por possiveis "espirros". mais um pouco e você vai entender perfeitamente a que eu me refiro...
 
The braver women sat on the sidewalks, with no protection between themselves and the Haidar.
 
As mais corajosas sentavam na calçada, sem nenhuma barreira entre elas e os homens da Haidar.
 
 
This is the Haidar, a practice that is loosing it's appeal, but still happens in several countries, including Bahrain.
Man use whips with blades on the end of the chain and hit their backs insensantly.
It is scary to watch it and the smell of blod is almost unbearable.
I almost trew up.
 
A Haida é uma pratica que aos poucos está caindo em desuso, mas ainda acontece em vários países, inclusive Bahrain.
Homens caminham em procissão, batendo nas próprias costas chicotes com laminas nas pontas.
A cena é assustadora. O cheiro de sangue é quase insuportável. Eu quase vomitei.
 
 
Paralysed, with my eyes wanting to jump off my face and my stomach in knots, I watched as the man passed by, cutting themselves.
This was the first time I saw it actually happening. Last year, I only watched the parade, men bleeding after they cut themselves.
 
Paralisada, com os olhos arregalados e o estomago em nós, assisti a procissão que se auto flagelava. essa foi a primeira vez que eu vi a cena pessoalmente. Em 2010, eu só vi a passeata, depois que os homens já tinham se cortado.
 

 
I hid behind a friend who chose the first row. In the end, he had blood splattered all over his arms and clothes.
 
Fiquei escondida atrás de um dos meus amigos, que preferiu a primeira fileira. Ele ficou cheio de respingos de sangue.
 
 
Muitos grupos estão incentivando que os homens doem sangue ao invés de derrama-lo, e ano a ano aumenta o numero de pessoas que adotam essa pratica.
 
Many groups are advocating in favor of blood donations, instead of self cutting, and every year the number of people who join the Haidar gets smaller.
 
 
 E assim que os grupos de haidar passam, a turma da limpeza publica passa atrás, limpando o sangue do chão, com água e sabão.
 
And straight after the religious groups, come the cleaners, washing the blood away with water and soap.
 

quarta-feira, novembro 21

Eu sou um gênio! I am a genius!

Essa noite eu dormi 12 horas seguidas. Feito uma pedra!
Aí acordei, tomei banho e fui pro trabalho. Assim que sai da garagem vi que a rua estava toda molhada.
Nossa, que legal! Lavaram a nossa rua. - pensei
Virei a esquina e a rua estava molhada. No proximo quarteirão idem. E assim foi até eu chegar na freeway.
Liguei pro Fabio:
- Amor, lavaram a cidade inteira hoje!! que legal...
- Choveu Inaie, choveu...

Isso é que dá morar no deserto. A gente perde a referência!

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I woke up, had a shower and head to work, after sleeping 12 hours straight.
Right when I left the house I noticed the street was wet. Wow! They washed my street.
I turned the corner and saw the same thing. And one block away the street was also wet.
This scene continued until I got to the freeway, so I called Fabio.
- Hey! They washed all the streets in Bahrain. How cool is that?
- It rained Inaie, it rained...

I can not be blamed for my ignorance. I live in the desert, and I MAY have lost reference...

sábado, novembro 17

Mãe, sou eu! Mum, it's me!



Sempre que eu passava por um orelhão eu ligava prá casa a cobrar. Minha mãe me ensinou a ligar todos os dias quando eu viajava, a ligar se eu precisasse de alguma coisa, a ligar se eu só quisesse falar bobagem. e eu ligava.
- Mãe? Sou eu, Inaie.
Até que um dia um amigo me pegou de surpresa:
- Mas você não é filha única?
- Sou!
- Então quando vc diz mãe ela já sabe quem é, né?

E eu nunca tinha me ligado...

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My mother taught me to call home everyday, when I was away. And beinga  good child, I always did.
- Mum, it's me, Inaie!
Until a friend of mine asked:
- But aren't you the only child?
- Yep!
- So when you say "mum" she knows it is you...

And I never tought of that...

sexta-feira, novembro 16

mal entendido / misunderstanding


Fabio chega de viagem ( ele passou uma semana fora) e diz:
- Tem uma cueca diferente na minha gaveta
eu nem dou bola. mais tarde, ouço:
- Tem uma cueca que não é minha, na minha gaveta de cuecas.
a minha ficha não cai, mas ele não desiste. mais tarde ele repete:
- Tem uma cueca estranha...
mas dessa vez eu não deixo ele terminar a frase e o interrompo:
- Pega a cueca lá, deixa eu ver.
seguro o riso
- Fabio, isso não é uma cueca. Essa é a saia de seda da Anita. devolve lá prá ela...

Enigma resolvido!

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Fabio comes home from a week away and says:
- There is a pair of underware in my drawer that does not belong to me.
I don't even register the comment. latter, he says it again:
- These briefs are not mine
Once again I say nothing, and I don't give it a second thought, but he does not give up:
- Funny. I don't remember having these...
In an attempt to solve the mistery I say:
- Let me see.
And I have to control my laughter.
- Fabio, this is Anita's silk skirt. just give it back, will you?

Case closed

segunda-feira, novembro 12

O PALAVRÃO / A MOUTH FULL

Lia teve três semanas sem dor,e  há alguns dias voltou a ter dores de estomago com o agravante dela vir com "dor no peito"de brinde.
Eu tenho administrado como dá, evitando encher a criança de remédios, meu coração partido como sempre.
Essa noite ela veio prá minha cama várias vezes, insistindo que estava tendo um ataque cardíaco.
Claro que não estava. E eu bem sabia disso.
Mandei ela dormir prá não perder aula hoje, e passei a noite com o olho arregalado e a mão na barriguinha dela, controlando a respiração, checando os batimentos cardíacos, prá ter certeza que ela não ia morrer debaixo do meu nariz.
Imagina se eu ia conseguir viver com essa situàçao: a crianca AVISA que está infartando,. vc manda ela ir dormir e ela nunca mais acorda...
Na Na Ni N a Não. E se você é mãe você bem sabe que lógica não tem vez.
Noite em claro controlando a respiração e o pulso dela foram a unica saída honrosa.
De manhã, banquei a durona e mandei a menina pra escola.
Antes dela entrar no onibus já tinha marcado o cardiologista pro primeiro horário depois da aula. Siiim,e u dei uma passadinha básica na escola pra "ver se estava tudo bem"...

No cardiologista:
- Vocês tem seguro?
- Sim
- Então vamos fazer um eletro e uma ecografia do coração
- Mas o médico não vai ve-la?
- Vai. Depois.
??????
Nao discuto por que estou obviamente em desvantagem. Engulo seco quando vejo entrar na sala o médico que mais parecia o cientista maluco de de volta pro futuro, versão indiana.
- Você é estudante?
- Sim, ela rtem 14 anos.
- Eu sei!
??????
- Olha, o seguro não aprovou a ecografia, vai prá casa e volta quando for aprovado
Devo ter olhado pro cara com uma raiva tão grande, que ele resolveu auscutar o coração dela.
- Não tem nada no exame clínico, a gente vai precisar ver o eletro e a eco, quando o seguro aprovar.
- E a dor dela?
- Não tem nada no exame clínico, a gente vai precisar ver o eletro e a eco, quando o seguro aprovar.
- E L A  T E M  D O R. E U  N Ã O  Q U E R O  Q U E  E L A  T E N H A  D O R!
- Eu posso dar um panadol.
Saímos da sala. Eu puuuuta da vida, rosnando baixinho e querendo dizer pra ele onde enfiar o panadol que ele me ofereceu! Encosto a porta e o médico me chama:
- Volta! o eletro eu posso fazer, por que a aprovação é automática.
Meu sangue espumava nas veias...
Antes de acabar o eletro ( 2 minutos) chega a aprovação da ecografia. Lia nem sai da mesa.
No inglês mais macarronico possivel, ele me explicou que a Lia tem prolapso da valvula mitral. que é uma anormalidade simples e comum no coração. que ela vai viver muito, ter uma vida normal e que eu não preciso me preocupar.
Não me preocupo. Falando com ele, mando um torpedo pra Re, que nao me responde por 2 minutos, mas qdo responde, está com todo o diagnostico googlado!
É uma anormalidade simples e comum no coração. que ela vai viver muito, ter uma vida normal e que eu não preciso me preocupar.
Confio mais na Renata que no cientista maluco.
Ligo pro Fábio, na hora ele consegue localizar meu sogro que foi professor de Medicina da Unicamp a vida inteira e esta em ferias nos Estados Unidos.
Ele confirmou a informação do médico bocó, da minha amiga e eu que não estava preocupada, continuei tranquila.
Liguei pro meu pai. Por que é na barra da calça dele que eu agarro quando estou calma e sossegada.
Eu seeeeeei que tá tudo bem. Eu seeeeei que não é sério, nem tem risco grave, nem... mas que saco isso né?
Quando a gente leva filho prá fazer exames, a unica resposta aceitável é que ele está OTEMO! Ou que tem uma coisinha que vai sarar com chá de camomila gelado. má formação no coração? PQP!

Lia está ótima. Deve estar adorando os holofotes ligados na direção dela!

+++++++++++++++++++++++++++

Lia had three good weeks. No pain, no big issues, but a couple of days ago, her stomach pains came back, holding hands with  "chest pains".
I take one day at the time, avoiding giving her too much medicine, making sure she is ok.
Last night she came to my bed several times, insisting she was having a heart attack.
Of course it wasn't. I knew that.
I sent her back to sleep so she would not miss class today, and  then I spent the night awake, watching her breathing, holding her hand, counting her heart beat make sure she would not die on my watch.
Imagine if I'd be able to live with a situation like this: my child comes and tells me she is having a heart attack, I ignore her and... and...and... she never wakes up ...
Nope, nope. No way. Not today, not tomorrow, not ever. .
And if you're a mother you well know that sometimes it is impossible to be logical.Or practical. Or sane.
To spend the night controlling her breathing and pulse was the only honorable way out, after I insisted she was being a  sissy.
In the morning, I sent her to school. Not a word of empathy.Before she got in the bus I had already booked an appointment with a cardiologist. First appointment after school. And yes, i did pass by the school to "see if everything was okay" ... but she does not need to know it.
At the clinic:
- Do you have insurance?
- Yes
- So let's do an EKG and an ultrasound of the heart
- But the doctor will not see her?
- He will Later.
???
I do not pick a fight, I have nothing to gain alienating my child's cardiologist. I swallow hard when I see the doctor entering the room. He looked like the mad scientist of "back to the future", the Indian version.
- Are you a student?
- Yes, she is 14 years old.
- I know!
???
- Look, the insurance did not approve the ultrasound, you go home and come back when they do
I must have looked at the guy with such a rage, he saw murder in my eyes.  He decided to give her a consultation.
- There's nothing wrong in the clinical examination, we will need to see the exams, when your  insurance approves them.
- And her pain?
- There's nothing in the clinical examination, we will need to see the exams, when your insurance approves them.
- S H E I S  I N  P A I N ;  I  D O N  T  W A N T  H E R  I N  P A I N!
- I can give her  panadol.
We left the room. I was furious, thinking what he could do with his panadol, growling softly.
We were not even out of the door, he shouts:
- Come back!  I can do an EKG, the approval is automatic.

My blood boiled ...Before finishing the EKG (2 minutes) the doctor tells us the insurance approved the other exam.
Lia does not even leave the bed.In the worse possible English, he explained to me that Lia has mitral valve prolapse. which is a simple and common abnormality in the heart. she will live a long, normal life and that I have nothing to worry about.
I do not worry. Still speaking with him, I text message my friend Re, who does not reply for 2 minutes, but when the answer cames, I have a whole report on Mitral valve Prolapse.
 She googled it!
It is a simple and common abnormality in the heart. she will live a long, normal life and that I have nothing to worry about.I trust Renata far more that I trust that doc.
But I call fabio, he also needs to know. He manages to locate my father in law who is a medicine professor.
He confirms Renata version. and the other doctor's too. I am not to worry!!
So I do what I always do when I need love and care. I call my dad! Who does just that: gives me all the love and comfort I need.

I know she will be ok. I know it is not serious, she is not in danger, her life will be normal. But these news are still a kick on the stomach.
All you want to hear is how amazing, clever and healthy your kid is. Always. Not that she has a stupid heart anomaly.

BTW, Lia is great. She must be loving the spotlight she is in, at the moment!

sexta-feira, novembro 9

Lar, amargo lar! Home, bitter home...

 
 
Toda vez que o avião toca o solo de Bahrain eu sinto aquela onda de familiaridade me invadir.
Conheço tão bem a rotina, que saio do aeroporto rapidinho. Tudo flui tranquilamente e pela primeira vez em 13 anos, eu tenho a sensação de estar chegando em casa. Bahrain prá mim, ganhou status de  "casa"há alguns anos.
Os perfumes, as luzes e as cores me dão aquela sensação de que eu estou no lugar certo.
 As mulheres de abbaya, o transito maluco, os shoppings todos amontoados na mesma regiao, até a areia atravessando as ruas... Tudo faz parte da minha cidade, da minha vida, da minha rotina.
Infelizmente tudo isso está perdendo o poder de me confortar e tem me deixado com um gosto be amargo na boca.
Como não é segredo para ninguém, a situação politica do país não está nada bem. Os protestos pacificos lentamente foram dando lugar a violencia. Sangue foi derramado dos dois lados, mas até agora o conflito parecia ser exclusivamente entre a posição e a oposição e nós, estrangeiros ( que somos 50% da população) não tinhamos "nada com isso".
Eu sei que essa é uma visão simplista, ingenua até, mas desde que a primavera arabe começou, eu nunca me senti ameaçada ou em risco.
As inconveniencias, por outro lado,  eram frequentes. Ruas bloqueadas pelos manifestantes, tiros de gás lacrimogêneo atirados pelos policiais, e o nosso caminho ficava atravancado ou a nossa festa no jardim tinha que correr pra dentro de casa, todo mundo com os olhos ardendo e a garganta queimando.
Helicópteros, explosões de bujões de gás, nada disso era novidade.
A situaçao foi escalando devagarinho. Mal percebemos. Pessoas morreram, mas sempre aparecia uma "justificativa" para as mortes. Como se fosse possivel justificar a perda de uma vida.
Os conflitos iam se desenrolando diante dos nossos olhos, mas completamente distantes da nossa realidade. Não era conosco.
E as desculpas esfarrapadas continuaram a ser formuladas.
 Um inglês teve o dedo cortado quando se perdeu numa vila xiita, madrugada adentro.
Ele deve ter provocado, com certeza.
Um paquistanes teve a lingua cortada.
Ah, devem te-lo confundido com um policial. Foi retaliação...
Pessoas morreram nas cadeias
Morte natural
Policiais foram mortos em conflito
Mortes acidentais...
A violência e as fatalidades devagarinho foram se arrastando para o nosso cotidiano, e  nós, fomos mais uma vez, arrumando desculpas e justificativas para elas.
Depois de um ano e meio, depois de eu ter perdido praticamente todos os meus amigos ( calma, calma, ele foram embora, não morreram!), a minha ficha está começando a cair.
Essa semana cinco bombas explodiram na nossa pacata ilha. Duas pessoas morreram na hora, a terceira vitima faleceu no hospital.
Ainda ouvimos as mesmas desculpas esfarrapadas. Que nós não somos o target, que ninguém ( nem posição nem oposição nos tem na mira), que foi uma fatalidade.
Já comecei a ouvir o discurso de negação: o alvo é a empresa de limpeza ( as bombas foram colocadas em latões de lixo e os três mortos são garis indianos)/ Foi a posição que macomunou isso, pra culpar os manifestantes/ foi...
A verdade é que basta!
Isso tem que acabar. Já.
É hora de começarmos a valorizar a vida dessas pessoas que estão morrendo embaixo do nosso nariz.
Meu coração está apertado. Eu já não estou mais tranquila, nem confiante. Longe vão os dias em que eu pedia pros manifestantes apagarem o fogo da rua prá eu passar, por que minhas filhas estavam  com fome - eles apagavam sorrindo, eu passava sem medo. Hoje já não me atrevo. Não tenho a menor idéia de como vão reagir, não tenho comos aber se não há mais bombas escondidas ali.
Meus dias estão mais tristes. estou vendo o meu pais do coração entrar num buraco que não parece ter fundo.
Na noite passada o alvo foi uma loja de carros. 59 carros foram incendiados. Graças a Deus, os vigias da loja foram amarrados, mas não foram machucados.
Qualquer um pode ter ateado fogo aos carros. Pode ter sido um grupo de vandalos sem nenhuma ligação com os manifestantes, pode ter sido a oposição, pode ter sido alguém querendo botar a culpa neles, pode ter sido um ato isolado ou parte de um esquema para criar ainda mais caos no país.
A verdade é que o circulo está se fechando.
O perigo está chegando perto.
Hoje todos os acessos ao meu bairro foram bloqueados pela policia. Nós podiamos ir onde nós quiséssemos, mas ninguém podia vir aqui. E se nós saíssemos, também não dava pra voltar.
Foram 4 horas de "lock down".
Meu Bahrain já não é mais o mesmo. talvez seja melhor eu começar a me despedir.

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Every time the plane touches the ground in Bahrain I feel a wave of familiarity invading me.
I know the routine so well, I go through the airport hassles in a minute. Everything flows smoothly and for the first time in 13 years, I have the feeling of coming home. Bahrain, for me, gained the status of "home" a couple of years ago.
I could live here forever.Bahraini scents, lights and colors give me the warm feeling of being in the right place.
Women in abbayas, the crazy traffic, shopping malls all crammed in the same region, even the sand crossing the roads ... It's all part of my city, my life, my routine.
Unfortunately it seems this comfort is about to end soon.
This is no secret, the political situation of this country is not well at all. The peaceful protests slowly gave way to violence. Blood was shed on both sides, but until recent times, the conflict appeared to be exclusively between the position and the opposition and we, foreigners (who are 50% of the population) did not have "anything to do with it."
I know this is a simplistic, even naive view on things, but since the Arab Spring began, I never felt threatened or in danger. But now the violence is starting to crawl into our lives.
Let me explain: t
he inconveniences caused by the clashes between oposition and the police were frequent.
Streets were blocked by protesters, tear gas was  thrown by police, and our roads were cluttered or our garden party had to move into the house, everyone's eyes and throats burning.
Helicopters hovering over our homes, explosions of gas canisters, none of this was new.
It simply became part of our lives, we adapted.
The situation was slowly changing, but we did not notice imediately. Some people even died, but there was always  a "justification" for the deaths. As if it were possible to justify the loss of a life.
The conflicts were escalating before our eyes, but at the same time, it felt very  far from our reality. It had nothing to do with us..
And the excuses continued to grow:
An Englishman had his finger cut when he was lost in a Shiite village, late into the night.
He must have provoked them, for sure.
A Pakistani  man had his tongue cut out.
Ah, someone must have him confused with a police officer. It was retaliation ...
People died in prisonsNatural deathPolicemen were killed in conflict
Accidental deaths ...
It seemed like we were watching it all unfold on a TV show, maybe a book. It all seemed so distant from us.
After a year and a half of conflicts, after losing  almost all my friends (calm down, calm down, they left, they were not killed!), I am finally getting the picture. I am taking my pink glasses off my eyes.
This week five bombs exploded in our peaceful island. Two people died on the spot, the third victim died in hospital.
The excuses we hear are still the same.
We're not the target ( western expats)/It was a fatality/They were trying to get public attention/ the target is the government...
And many people are still in  denial: the target is the cleaning company (the bombs were placed in trash cans and street sweepers are three dead Indians) / this was the pró government who organised that, to blame it on the oposition...they were "only"normal criminals, taking the opportunity to create havoc!
ENOUGH! This has to end now.
It's time to start valuing the lives of the people who live in this country. bahrainis, shias, sunnis,expatriates or labourers  who left their country to try a better life in this gorgeous island. These are all valuable lives.
Enough blood has been spilt!
I am not feeling as safe as I used to be. Gone are the days when I asked protesters to put  the fire down so I could drive home and cook dinner for my kids. Today I would not do it. I have no idea how they will react now, I don't even know if there are no bombs in that fire.
My days are getting more and more sad.
Last night the target was a car dealership. 59 cars were torched.
Thank God, the watchmen were not injured.
Today my suburb was uner lock down. There was no access to my house from other areas. It stayed like that for 4 hours, then the police cleared the high ways.
Bahrain is no longer the same. Maybe I should start saying goodbye.


terça-feira, novembro 6

criança tem cada uma... kids! you gotta love them!

O filhinho de uma amiga chegou em casa arrasado. A amiguinha da escola disse que não gostava mais dele.
Aos 4 anos de idade, essa foi a primeira vez que ele teve o coraçãozinho machucado. Pobrezinho.
Depois de contar prá mãe o que tinha acontecido ( ele chegou na escola e a menininha disse: eu não gosto mais de você), ele foi lá no quarto, pegou um desenho que ele tinha feito dos dois brincando no parquinho e fez um X vermelho em cima dos dois.
caso encerrado...

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My friend's 4 your old son had his heart broken for the first time this week.
He came back from school devastated, because his best friend told him: I don't like you anymore...
After telling his mum what happened, he went to his bedroom, got a pic he made with the two of them playing in the park and put a big red cross across tem.
better move on...

segunda-feira, novembro 5

Bouquet de frutas / fruit bouquet

foto daqui
pic from here
 
Tenho pensado muito em abrir um negócio, inventar uma moda, fazer alguma coisa diferente. Há quatro anos não trabalho em período integral e faço um bico aqui, uma ponta ali, dou um pitaco acolá, ganho uns trocados de vez em quando.
E a vida é boa, não posso reclamar.
Só que eu também tenho tido vontade de fazer alguma coisa a mais. Não sei exatamente o que, nem como, mas há algum tempo me encantei com esse conceito de bouquets de frutas.
E a idéia vem "crescendo" em mim.
Hoje passei horas pesquisando, fuçando, xeretando.
Quem sabe essa não é a minha próxima "arte"?
 
I have been thinking about opening a business, change my routine, do something different.I haven't worked full time for the last four years. Of course I am not idle, I am always up to something and I even make some money from time to time.
Life is good, I can not complain, but I am also looking for something extra!
And I am looking for a new project, a new idea, something to keep me busy and excited. I do not know exactly what, or how, but some time ago I was charmed by this fruit bouquets concept and now the idea is"growing" on me.
Today I spent hours researching, googling, watching step by step videos, reading about the bouquets.
This maybe my next hobbie, who would know?
 
 

domingo, novembro 4

Sharm El Seikh em fotos


 Alguém aí quer fazer comprar na Harrods?
Someone wants to shop at Harrods?

 
Praia do Mar Vermelho
Beach at Red Sea

Olha a cor da água e o desertao ao fundo...
Look at the color of the water and the desert on the back drop
 
E a despedida do camareiro
and the house keeping farewell

sábado, novembro 3

SORTEIO!!! GIVE AWAY!!



Eu usei o random.org prá fazer o sorteio, mas como eu sou sabida, inteligente e descolada, eu NÃO consegui copiar a imagem aqui no blog, então vocês vão ter que confiar em mim...

I have used the random.org to get the winners of my Vietnamese promotion, however I am so clever and sassy I have no idea how to copy and paste the image of the result here, so you better take my word for it.
The winners are:


A primeira bolsa foi sorteada para a Juliana ( a Japs!!!) do Mala ou Mochila. Não me mata ju, nao me mata Ju, nao me maaata...
 
1st bag goes to Juliana!

A segunda bolsa vai para a Lu Navarro do Mama y crafter!
2nd bag goes to Lu Navarro

Parabéns e obrigada por participar!!!
Vou mandar um e mail para vocês pedindo o endereço de entrega e coloco as bolsas no correio assim que eu puder.
Já estou macomunando o próximo!

Congratulations to both of you and thank you everyone for participating. I wills end you an e mail now asking for delivery address!
I am already thinking about our next one.

:-)

sexta-feira, novembro 2

Férias/ Hols

Pode parecer esnobismo, mas eu não sei o que fazer e nem gosto de férias de resort.
Juro!
O meu negócio é ter a agenda cheia, ir daqui prá lá e conhecer mil coisas. Sentadinha ao lado da piscina ou na cadeirinha da praia, eu fico meio desnorteada.
Sharm El Sheikh é lindo! Eu nunca vi água mais azul, mais transparente. Um mergulho aqui, um snorkling ali...e eu já começo a ficar perdida, sem saber o que fazer.
Fábio parece adorar isso aqui.
Passa o dia tentando juntar as crianças ( crianças? que crianças? elas já estão mais altas que eu há muito tempo...) pertinho dele.
As duas, nadam, jogam ping pong, jogam volley e de tempos em tempos, reclamam de tédio ( eta gen forte esse meu).
Tentei ir a Jordania. O hotel oferece essa excursão e um dos meus sonhos é levar as meninas conhecer Petra.
Chegamos a pagar pelo pacote, aí me deu um estalo e eu perguntei:
Mas me diz uma coisa, quanto tempo nós vamos ficar em Petra?
- No máximo 3 horas.
- Mas são 19 horas de viagem...
- O programa tem outras coisas inclusas
- Então me conta
- Petra 3 horas, almoço e shopping 3 horas
- SHOPPING??? SHOPPING???
- Mas ninguem vai te obrigar a comprar nada
- Ok. Liga pro guia e ve se ele pode me deixar em Petra enquanto as pessoas fazem compras. Eu levo um sanduiche, ou como por lá mesmo.
Claaaro que no melhor estilo "encheção de saco" eles não puderam acomodar esse meu pedido tão absurdo.
- Então pergunta se esse passeio vai até o Monasterio
- Não! O Monastério é muito longe, mas vai até o Treasure
- O Treasure é a PRIMEIRA coisa em Petra. Não dá prá ir a Petra e não ver o Treasure...
Ainda tentei outras agencias, tentei contratar um taxi para nos levar a Petra e voltar.
Nada. A burocracia impera, e a burrice as vezes ocupa o trono.
Cancelamos o passeio e eu chorei até cair no sono. Queria tanto levar as meninas á Petra...
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I may seem snob, but I have to confess I not like resort vacations.
I swear!
I prefer to have a full schedule, visit diferent places and get to know a thousand things. Sitting there by the pool or on a beach chair, is definetely not my thing.
Sharm El Sheikh is beautiful! I've never seen an ocean so blue, or so  transparent. A dip here, a snorkling there ... and I start to get bored not knowing what to do in paradise.
Fabio seems to love it here.
He spends the day trying to gather the children close to him (children? Children? They are already taller than me ...)
The girls are fine too. They swim, play ping pong, volley, frescoball and from time to time, complain of boredom .
I tried to go to Jordan. They offer this day tour to Petra and I confess taking the girls there is another one of my dreams.

We were there, ready to pay for the trip when I had a second thought and  asked:
But tell me something, how long we will stay in Petra?
- A maximum of 3 hours.
- But this is a 19 hour trip ...
- The program has other things included
- So tell me
- Petra 3 hours,  then lunch for 2 hours and 3 hours shopping
- SHOPPING?? SHOPPING??
- But no one will force you to buy anything
- Okay. Call your guide and see if he can leave me  inPetra while people shop. We will have  a sandwich, no need for lunch either.
Of course  they could not accommodate my request and considered it absurd.
- Then ask the guide if this tour goes to the Monastery
- No! The monastery is too far, but it goes to the Treasure
- The Treasure is the FIRST thing in Petra. You can not go to Petra and not see the Treasure ...
I cancelled the trip, tried other agencies,  tried to hire a taxi to take us to Petra and back.
Nothing worked. Bureaucracy reigns, and stupidity occupies the throne.

I cried  myself to sleep. I really wanted to take them there...