segunda-feira, março 14

Mediocre, EU?

Minha semana foi muito atarefada. Corri de um lado
para o outro feito uma maluca. E pelo menos três vezes
tive vontade de me sentar e escrever.
Mas o tempo passou e eu não escrevi. Queria falar do
emprego que meu marido conseguiu em Rotorua. Queria
contar das saudades que eu sinto de alguns amigos
queridos. Queria falar do meu reencontro com três
primos pela internet. Queria...
Queria contar que fui levar a minha filha a uma
excursão da escola, mas a semana foi tão corrida que
não não consegui contar nada.
Hoje cheguei em casa cansada e fui ler o blog de uma
amiga minha – Fabiana. Nos conhecemos na oitava série.
Em Santos. E fomos grandes amigas.
Nos vimos pouquíssimo e nos falamos menos ainda em
todos esses anos. Tomamos caminhos completamente
diferentes.
Fabiana canta, dança e faz teatro. Vive envolvida em
projetos mil. Sonha e vive o seu sonho. Luta por
ideais.
Somos amigas. Por coincidência ,somos as duas
jornalistas.
Eu, com a minha vida interessantíssima, tomei outros
rumos.
Fui telemarketing, vendedora da 3M. Trabalhei como
radio escuta e fui jornalista de Sindicato.Abri minha
agencia de publicidade. Construí casas para vender.
Fiz curso de joalheria para fazer minhas próprias
jóias (cheguei a parecer uma arvore de Natal – toda
emperiquitada) e acabei vendendo jóias como se vende
Tuppeware. Me mudei para a Austrália, trabalhei
atendendo ao telefone, vim para a Nova Zelândia –
atendi mais telefones e agora sou gerente de
desenvolvimento do pessoal que atende ao telefone.
Me casei duas vezes. Tenho duas filhas maravilhosas.
Fiz uma faculdade e duas pós.
E agora eu olho pra traz e acho a minha vida um porre.
O que foi que eu fiz por outras pessoas?
Onde foi que eu ajudei alguém ?
Quando eu morava no Brasil eu arrecadava grana para
instituições de caridade, comprava brinquedos para as
crianças pobres no Natal e levava ovos de PÁSCOA na
favela. Todo os anos, fazia alguns enxovaizinhos de
bebe e dava para pessoas carentes.E achava que estava
ajudando.
Quando me mudei para esse lado do mundo, comecei a
achar que a pobre era eu, e parei com isso também.
Hoje me dei conta que eu nunca fiz a diferença em
lugar nenhum. Nunca ajudei ninguém a ter uma vida
melhor, nunca ensinei nada a ninguém, estou com 32
anos e descobri que não fiz nada que preste.
Sou tão egoísta que tudo o que eu já fiz na vida, foi
em beneficio próprio.’
Que papelão. E que vergonha.
O pior é que vergonha nem sempre faz as pessoas
mudarem. Estou morrendo de medo de ir para a cama e
acordar sem sequer me lembrar do vexame que eu estou
passando hoje.
Espero que amanha eu pule da cama, me filie a um
partido político, abrace um ideal e mude a minha vida,
mas a verdade é que eu acho que vou acordar, pular da
cama e ter mais um medíocre dia de trabalho.

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