sexta-feira, junho 29

valores morais/ Moral values

Minha filha mais nova não gosta de jóias, mas na minha família há uma tradiçao de dar jóia pra filha no aniversário de 15 anos.
Eu ganhei, a irmã dela ganhou. Eu tenho a minha e guardo com muito carinho e muito orgulho.
Hoje, resolvi mais uma vez tentar convence-la que é uma boa idéia aceitar a jóia no aniversário do ano que vem.
Falei da tradição, falei que hoje ela podia não se importar, mas que um dia ela daria valor, falei pra ela guardar pros filhos...
Aí tentei mostrar que eu tinha razão e lasquei:

- Lia, a única coisa que fica na vida é jóia.

Ela arregalou os olhos assustada, e depois caiu na gargalhada. postou no BBM e no facebook, que a mãe disse que na vida, a única coisa que fica é jóia.

Olha a minha reputação arruinada para sempre. O que eu quis dizer é que... Ah!! Deixa prá lá, vai.
Ano que vem ela vai ganhar a jóia e pronto. Sem discussão.*******************************


My 14 year old child does no like jewellery, but in our family, girls get a piece of jewellery on their 15th b'day, so i started my campaing.
I got mine, your sis got hers. I am 40 and I treasure my 15th b'day gift to this day.
I spoke about our tradition, suggested she may not like it now, but when she gets older she may have good memories, told her to keep it to her own kid... when I run out of arguments, I just said:

- Lia, jewellery is the only thing that last in life.

She look at me horrified, then she realized it came out wrong, what I really meant was...oh, never mind what I emant. She quickly posted it on facebook and on BBM.
Next year, she will get a nice piece of jewellery. and that is the end of it.

quinta-feira, junho 28

Eu sou assim / That's just me

foto daqui

Tem coisa que é maior que a gente. Que por mais que você tente, simplesmente não muda.
E eu sou a fulana da última hora.
Ontem comprei passagens para ir ao Vietnam. Fico lá praquelas bandas 6 semanas. Não reservei viagens internas, hoteis, traslados, nada. Fico a primeira semana na casa de uma amiga. De lá vejo o que vai rolar.
Não fiz mala. Não comprei protetor solar. Não troquei dinheiro.
Mas tô feliz, por que eu estou indo fazer uma coisa que eu nunca fiz antes. Sair sozinha, mundo afora. Nem sei como eu vou me comportar, não sei se vou me sentir sozinha, se vou ficar triste por não ter com quem compartuilhas as coisas que eu vou ver...
Não sei se eu não vou me apaixonar pela modalidade solo de viagens e não vou querer mais, mais, mais!
Não sei.
Só sei que eu estou feliz com a minha decisão e super agradecida pelo suporte do Fábio, que vem me incentivando a cair no mundo desde que eu cogitei a hipótese.
Me lembrei de quando nós nos mudamos para a Austrália. Fabio já tinha ido. Eu viajaria no dia seguinte com as meninas. Meu sogro chega para pegar as malas, pra "adiantar"as coisas. Chega bem na hora da minha ultima festa de despedida.

- Oi todo mundo. oi, oi! Inaie, vim pegar as malas. onde elas estão?
- Ah, nao fiz ainda. ( não tinha nem começado)

Ele, todo metódico, organizado e certinho, quase infartou. Foi avisando os meus amigos que eles tinham duas opçoes: ou iam embora imediatamente ou iam pro quarto, me ajudar a fazer malas.

Me lembro de ver 6 malas abertas em cima da cama e um mundaréu de gente gritando:

- isso vai? E isso? Ponho isso na mala?

Arrumamos as malas em tempo record. Nem sei o que foi. Não me lembro do que faltou.

Minha mãe desmontou a minha casa, deu o que pode pra caridade, levou o que ela quis para a casa dela. deixei a casa mobiliada, comida na geladeira, quadros na parede. Peguei as meninas, as malas arrumadas pelos amigos e parti para um ano na Australia. Esse ano australiano já se transformou em 13 anos de pé na estrada...

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There are things that are bigger than us.Things that will not change, that define you, that is so deeply rooted, you just can't change.
And I'm a last minute girl.Yesterday I bought tickets to go to Vietnam in two days time. And I will be there for six weeks. I still have not decided what I am going to do when I am there. I have not booked  hotels, transfers, tours.

All I know is I am staying the first week at a friend's house.
I have,'t packed. I bought no sunscreen. I exchanged no money.But I'm happy, I'm going to do something I've never done before.
And that is exciting.

quarta-feira, junho 27

só em Bahrain/it only happens in Bahrain

Eu nao consegui atender a uma ligaçao de uma corretora de imoveis com quem eu trabalho. Assim que pude, liguei de volta pra ela.
Uma voz que eu não conheço atendeu o telefone:
- Ela ainda está em cirurgia. Por favor, ligue mais tarde.
- O quê? Cirurgia? Como assim? Cirurgia de que? Onde ela está? O que está acontecendo?
Fiquei assustada, eu tive uma reunião com essa mulher ontem a noite e ela estava otima, não falou nada sobre cirurgia e ainda marcamos de nos encontrar de novo hoje.

- Ela ainda está em cirurgia. ligue mais tarde.
- Eu ouvi isso. Agora por favor me explique o que está acontecendo.
- Ela fala com você quando puder.
A minha paciencia que não é das melhores, já estava indo pro saco. Eu estava prestes a gritar desatei a gritar..
- Eu preciso saber o que está acontecendo AGORA. Eu não vou esperar. Você vai me dizer onde ela está, o que aconteceu, que tipo de cirurgia, o que está acontecendo. Ela me ligou menos de uma hora atrás. Foi acidente? Onde ela está agora? Em que hospital?
Todos os cenários passavam correndo pela minha cabeça. Por que ela me ligou? Nós não somos amigas. Ela, obviamente, precisa de alguma coisa, mas o quê? Será que ela precisa que eu pegue a filha na escola? Que eu kligue pra alguém? Que eu vá até o hospital? Que eu...

- Ela está em cirurgia, eu disse.
Então eu o perdi o resto das estribeiras e aumentei os decibeis.
- Onde ela está? EM QUE HOSPITAL?
- Ela está em Seef, no dentista.
Aí eu já nao sabia se ria ou chorava. Se dava uns tapas nela ou enchia a cara de sorvete. Ou wisky, quem sabe...

PS - Eu confirmei os meus bilhetes para o Vietnã. Vou passar um domingo em Dubai e chego no Vietnã 17:00 na segunda-feira. Minha viagem aventura  está prestes a começar.

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I missed a call from a real state agent I work with, so as soon as I could, I called her back.
A strange voice replies:
- She is still in surgery. Please call later.
- Wait! What? Surgery? What is happening?
I am very confused, as I saw this woman the evening before and she did not say anything about surgery.
- She is still in surgery. call later.
- I heard that. Please explain what is happening.
- She will tell you when she can
By then my patience was running very thin. I was about to yell yelled.
- I need to know what is happening NOW. I am not waiting. You will tell me where she is, what happened, what kind of surgery she is having. She called me less than an hour ago. Was it an accident? Where is she now? In which hospital?
All scenarios were running through my head. Why did she call me? We are not friends. She obviously needs some help, but what? Does she need me to pick her kid up from school? Does she need me to call anyone? Does she need me to go to the hospital? Does she...
- She is in surgery, I told you.
Then I lost it and upgraded my polite yelling to a hysterical screaming.
- WHERE IS SHE? HOSPITAL? WHICH ONE?
- She is in Seef, in the dentist.

I was not sure if I should just drive by and slap the lady or if I should go and have an ice cream. Or a glass of wisky.

PS - I confirmed my tickets to Vietnam. I will spend Sunday in Dubai and arrive in Vietnam 5pm on Monday. My journey starts soon.

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segunda-feira, junho 25

A Tina tá na UTI/ Tina is in intensive care!

A Tina do Meu cantinho na Roça, que sempre foi uma amigona prá mim, e que rezou comigo  ( lembra?) virtualmente quando a Lia estava com aquelas dores de estomago que nao passavam nunca, está na UTI com uma gripe H1N1 horrível.
Vocês podem por favor mandar carinho, pensamentos positivos pra ela? E quem souber rezar, por favor, engrosse o cordãod e orações para que ela se restabeleça rapidinho!!

Essa mulher vale ouro!!

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My friend Tina is in intensive care, and I would like to ask you to send good energies and thoughts towards her. Please??
I talk about how much she helped me when my daughter was sick and she prayed for us. Read it here

sábado, junho 23

Presente!!!



Olha o quadro que eu ganhei da minha amiga Renata!!!!! E ele tem 80 cm X 80 cm. Só vai dar eu na parede da casa!!!!

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Look what I got from my friend Renata!!! It is 80 cm X 80 cm. Gorgeous!

quarta-feira, junho 20

a vida começa aos 40/ life starts at 40!


Se vocês me acompanham há algum tempo, sabem que eu geralmente viajo nas ferias de verão. Bahrain vira uma fornalha e eu nao gosto de ser cozida viva, então eu me pirulito daqui.
Esse ano resolvi radicalizar! Nos ultimos 3 anos viajamos duas vezes para os Estados Unidos, eu dei um pulinho no Brasil ano passado ( visitei a Amazonia) e também sassaricamos um pouco pela Europa. Conheci lugares lindos, revisitei cidades encantadoras, mas essas férias vão ser um pouco diferentes. Não, vão ser completamente diferentes!!
Vou prá Ásia.
Conheço a Tailandia, a Malásia, Hong Kong e Cingapura. Amo.
A radicalizada não é no destino.
É que eu vou sozinha!!
Em 40 anos, essa vai ser a primeira vez na minha vida que eu viajo sozinha. Sempre tive comigo mãe, amigas, marido ( 99%) das vezes. Mas dessa vez, o planbo é outro.
A Yolhi, minha amiga mexicana vai além. Ela diz que eu não vou nem a padaria, nem a manicure sozinha.
Quando ela me ligava e eu não estava em casa, ela nunca perguntava "onde vc está?" - ela sempre perguntava: 'Com quem você está?"
E é verdade. Eu sou das massas, não vejo graça nenhuma em fazer coisas sozinha, então essa viagem vai ser um grande passo prá mim. Vejo essa viagem como um divisor de águas.
Vou ter tempo pra me conhecer melhor, para tomar decisões que impactam somente em mim. Vou ter que decidir, dia após dia, o que fazer, como fazer e por que fazer.
Vai ser triste não poder dividir meu passeio com alguém ( mas é prá isso que vocês estão aí), prá visitar esse lugares comigo!
Minhas terapeutas ( tenho TRÊS!!)  dizem que vai ser ótimo prá mim. Eu estou animada, e estou com um medo do kct. Mas eu vou. Já decidi.
Devo sair daqui na primeira semana de julho, com destino ao Vietnam. Visito uma amiga em Ha Noi ( prá não ficar tão assustador logo de cara) e depois viajo sozinha pelo país e atravesso a fronteira para visitar Laos, Cambodia e Burma. De mochila nas costas. Pretendo viajar entre 5 e 6 semanas.
Se vc tiver alguma dica, pelamor, vai me dando já!!
E eu prometo levar o laptop e ir contando as minhas aventuras ...

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If you follow this blog, you probably noticed I leave Bahrain in summer.This place becomes a furnace and I do not feel like been cooked alive, so I just leave.
This year I decided to radicalize! Our travel destinations in the last three years have been very traditional. USA, Europe, a lil visit to Brazil.
 I visited beautiful places, revisited charming towns, but this time my plans are a little different. I will go to Asia. That in itself is not excentric or different, I've been to Thailand, Malaysia, Hong Kong and Singapore. I loved it. 
But this hols I am traveling A L O N E !
 In 40 years this is going to be the first time in my life that I travel alone. Yolhi, my Mexican friend goes further on her afirmations. She says I do not even go to the bakery, or a manicure alone. When she calls me and I am not home, she never asks "where are you?" - She always asks: 'Who are you with? " And sure enough i will say a name.
I see no fun in doing things alone, then this trip will be a big step for me. My therapists (I have THREE!) Say it will be great for me. I'm excited, and scared.
 But I will do it anyway.
 I am planning to leave here in the first week of July. My first stop will be Vietnam. I will visit a friend in Ha Noi (to ease me off) and then travel the country alone and cross the border to visit Laos, Cambodia and Burma. Backpacking.
If you have any tips, please,  send them over! And I promise to take the laptop and tell my adventures ...


domingo, junho 17

só em Bahrain... Life in Bahrain




Chego ao hotel para pegar uma família. Peço para a recepcionista avisar que eu já cheguei.
5  minutos depois ela fala prá mim.
- Não estão atendendo. Está ocupado.
- Continua tentando.
- Não, madame. Está quebrado. Desde hoje pela manhã.
...
- Então manda o bell boy bater na porta e avisar que eu estou aqui!

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I get to the hotel to pick up a family who is waiting for me, and ask the receptionist to call them and let them know I have arrived.
5 minutes later she says:
- They are not picking up. It is engaged.
- Keep trying, please.
- It is broken. Since this morning.
...
- Have you thought about sending the bellboy to knock on their door?

sábado, junho 16

Diferenças culturais/ Cultural differences


Foto daqui

Lendo o meu post, de ontem, minha mãe se lembrou de um episódio que aconteceu em Dubai.
Uma amiga nos convidou para almoçar na casa dela e foi logo avisando:
Meus filhos são Emirati, eles comem com as mãos. Avisa as meninas, assim elas não se assustam.
Anita tinha 7 anos, Lia 6.Durante todo o trajeto, fui rezando o sermão.
- Eles são arabes. Eles comem com as mãos. Não fiquem encarando. Não façam nenhum comentário...
Chegamos lá, a comida foi servida, todos nos sentamos á mesa. O filho mais velho, como havia prometido ( tinha dito á mãe - a casa é minha eu sempre como com as mãos, não vou usar talheres para agradar visita nenhuma) começou a comer com as mãos.
E a Anita, CONTRÁRIO ao que tinha prometido, arregalou os dois olhos azuis que Deus lhe deu e ficou hipnotizada, olhando o menino. Ela nem piscava.
Eu queria morrer de vergonha. Com jeitinho, a levei pra outra sala, onde ninguém nos ouvisse:
- Anita!!! Por que você está fazendo isso? Não te avisei que ele come com as mãos? Não te pedi prá não ficar encarando?
- Mas mãe, achei que ele ia comer uma batatinha...mas ele come TUDO com as mãos, até arroz...

Foi demais prá ela, tadinha!

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Yesterday, reading my post, my mother recalled a story that happened in Dubai.
A friend invited us for lunch at her house and said:
My children are Emirati, they eat with their hands. Warn the girls so they do not get startled.
Anita was 7 , Lia 6.During our drive to my friend's house, I tried to prepare them: 
- They are Arabs. They eat with their hands. Do not stare. Make no comment ...
We got there, the food was served, we all sat around the table. The eldest son, as he promised began to eat with his hands (he had told his mother -  this it is my house, I always eat with my hands, I will not use cutelery to please any guest).
And Anita, CONTRARY to what  SHE had promised, widened her two gorgeous blue eyes and looked mesmerized, staring at the boy. She did not even blink.
I wanted to die of embarassment. Quietly, I took her to another room where no one could hear us:
- Anita! Why are you doing this? Didn't you know he was going to eat with his hands? I asked you not to stare!
- But mom, I thought he would eat chips with his hands ... but he eats EVERYTHING with his hands, even rice ...

It was too much for her, poor thing!

sexta-feira, junho 15

jantar / dinner party

Convidei dois casais para jantar aqui em casa pela primeira vez. Eles são clientes meus, pessoas que eu gosto bastante, mas com quem me relaciono principalmente profissionalmente.
Convido também a Renata, minha amiga brasileira.
Na hora de jantar, Anita ( que já tinha saído para jantar com as amigas num restaurante) resolve se juntar a nós.
Fico feliz. Até perceber que ela está de pijama.
Isso mesmo. Todo mundo arrumado, na maior cerimônia, e a Dona Anita chega de mansinho, senta na mesa em seu pijaminha básico, conversa, ri, e volta pro quarto dormir...

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I invited two couples to come over for dinner yesterday. They are my clients, people I like, but our relationship is mainly professional. I also invited Renata, my Brazilian friend.
At dinner time, Anita (who had gone out to dinner with friends) decides to join us and have dinner for the second time.
I'm happy. Until I realize she is in pajamas. That's right.
Everybody made an effort, dressed nicely and Miss Anita comes for dinner in her pj's...

quinta-feira, junho 14

Família hipotética / Hypothetical family




Era uma vez uma familia que tinha passado por umas poucas e boas. Na família moravam mãe, pai e duas meninas. Eis que apareceram, do nada, um monte de problemas para azucrinar todos os membros dessa familia hipotética. Era filha com dor de estomago, briga de criança que acabou em delegacia e depois até em tribunal, era marido que estava para perder o emprego...um forrobodó.
Aí, um por um, os problemas dessa família foram se ajeitando. E o pai e a mãe começaram a respirar um pouco mais aliviados.
Não, mentira! Começaram a respirar bem mais aliviados. Tão aliviados que a filha caçula ( que ainda não estava em férias da escola, mas já tinha acabado as provas), acordava todos os dias, lá pelas 9 da manhã e falava:

- Ei! Eu não fui prá escola hoje!
- pois é, filha, perdemos hora...

Depois de meses de "descabelamento" pai e mãe conseguiram dormir. E dormiram tanto que a pobre criança perdeu quatro dias de aula.

História verídica!!

A mãe desistiu e já mudou o despertador pro quarto da pobre criança, que hoje teve que acordar sozinha e se virar pra se arrumar em tempo de pegar o ônibus escolar.

- Se você quiser mesmo levar a sério esse negócio de educaçao, escola, ser alguém na vida, melhor você tomar as rédeas do seu destino...

Depois das férias isso passa, tenho certeza!!!

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Once upon a time, there was a family that had gone through hell and back a couple of times. There was a mother, a father and two teen girls.
Out of the blue, trouble started to come their way. One of the girls got sick, a kid's fight ended up at the police station, then in court, the husband got really close to losing his job, it was a mess in that house.
Then, one by one, the problems seemed to be going away. The father and mother began to breathe a little easier. They felt a lil lighter.
They felt so relieved, the youngest daughter (who had finished her school exams, but was not on hols yet)  woke up every day, for almost a week, around 9 am and said:

- Hey! I did not go to school today!

- Sorry! We slept in ...

After months of anxiety and concern, father and mother were able to sleep. And they slept so much,  the poor child missed four days of school.

True story!

The mother gave up trying to hear the alarm clock and decided to move it to the daughter's room who needs to get up, get ready and catch the school bus all by herself ( with a lil help from the maid, I confess)...

I hope things change for the better after the school holidays. :-)

quarta-feira, junho 13



Eu estava vendo Detachment - um filme sobre um professor numa escola de periferia americana. Um filme bem diferente, nada daquela história que o professor chega, encontra um monte de delinquentes e depois de duas horas de filme todo mundo está "curado".
A cena que mais me impressionou foi a de um pai dizendo pra filha:

- Você bem que podia emagrecer...quem sabe assim você não encontra um cara legal prá casar com você?

Fiquei torcendo para ela responder:

- E a mamae? Era magra? E nem assim conseguiu casar com um cara legal??

Mas não fui eu quem fez o filme, né??

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I was watching Detachment - another movie about a teacher working in a hardcore school in America. This story was different. This time the teacher was not the hero that sorted out all his students lives in a two hour movie.
One of the scenes that touched me the most was  a father telling his daughter: 
 - You should lose weight ... maybe you can find a decent guy to marry you.

 I was hoping she would answer:
 - What about my mum? Was she thin? How come she did not marry a decent guy?

But i did not write the script, did I?

terça-feira, junho 12

Golpe que deu errado/ Scam gone wrong


Acontece que eu esqueci do dia dos namorados! E S Q U E C I. Na verdade, nem sabia mais que dia 12 de junho é dia dos namorados no Brasil.
Aí combinei de ir a uma exposição de arte com duas amigas e ainda levei a filha mais nova de brinde.
No caminho, uma delas me fala que era dia dos namorados.
Pô! Dia dos namorados e nós quatro indo a galeria de arte e depois esticando prum italiano? Sacanagem, fim de carreira, né?
Tentando arrumar desculpas, eu digo:
-  Fim de carreira! Nós quatro sozinhas, bem no dia dos namorados...
Cada uma tem uma resposta plausível:
Lia - Eu NÃO tenho namorado.
ok Justo.
Renata - Meu marido trabalha em plataforma de petróleo, ele não está no país.
Justo tambem - eu concedo.
Elisa - Eu sou espanhola, meu marido é venezuelano. Prá nós, não é dia dos namorados!
Ai, ai, ai.
Então quer dizer que a única namorada abandonada e mal amada sou eu? Euzinha?
Ligo prá casa.
- Fábio, passei o dia esperando você me ligar pra cumprimentar pelo dia dos namorados, e você
nisso ele me interrompe:
- Você saiu correndo, nem deu tempo de te daro seu presente. Deixei em cima da cama, prá quando você chegar...

O tiro saiu pela culatra. Fui desmascarada e tive que admitir prá minha filha ( que rolava de rir ao meu lado) que fui eu quem esqueci.

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Today is the Brazilian equivalent of Valentine's Day. And I forgot it. I forgot it long ago, when we moved overseas and started celebrating Feb 14th, like everyone else.
So I went out with two friends and my youngest child. We visited an art gallery and then went out for dinner.
On the way to the restaurant, renata tells me it is Valentine's Day in Brazil.
Wow! Valentine's Day and the four of us going to an art gallery and then grabbing a bite in an Italian restaurant? Sad, sad, sad!
Trying to be funny, I say:
- The four of us alone, right on Valentine's Day ... How humiliating!
One by one, they excuse themselves:
Lia - I do NOT have a boyfriend.
Fair enough
Renata - My husband works on an oil platform, he is not even in the country.
ok, ok, I get it 
Elisa - I'm Spanish, my husband is Venezuelan. For us, it is not Valentine's Day!
Hey! I get it. I am the only "unloved"one in this lot.
I call home.
- Fabio, I spent the day waiting to celebrate Valentine's Day, and you... he interrupts me:
-  You left so quickly when I got home, i barely had the chance to say hello, but I bought you a lil something. I left on our bed, you can see it when you get home ...

Shame on me. He did not forget. I DID!

segunda-feira, junho 11

Ser pai é dose / Parenting sucks



Só quem tem ( ou teve) filho adolescente vai entender o meu drama.
Hoje a minha filha de 15 anos me pediu pra leva-la a casa de uma amiga para entregar umas roupas que ela tinha emprestado no fim de semana. Concordei.
Aí ela pediu pra levar a nossa cachorrinha no carro. Não gostei muito, mas concordei.
Quando estávamos já no portão, fabio chegou e resolveu ir conosco. Fomos no carro dle que já estava fora da garagem.
Anita e Mia no banco de trás.
Quando chegamos, eu vi um gato bem na frente do portao da casa da menina, e fui logo avisando:
-Cuidado, tem um gato ai. ( e a Mia estava sem coleira, ela não ia descer do carro).
A minha adolescente padrão desce do carro e larga a porta ESCANCARADA!
Fábio e eu imediatamente começamos a gritar, desesperados, para ela voltar e fechar a porta antes que a Mia saísse em disparada atrás do bichano.
Depois de várias viradas de olho, olhares de desaprovação e cara de poucos amigos, a nossa super adolescente volta pro carro, e na maior cara de pau, pergunta enfezada:
- Por que vocês fizeram essa gritaria? Precisava?
E o Fábio, meu ídolo respondeu simplesmente:
- Por que a gente gosta. Eu e a sua mãe nos conhecemos no grupo do grito!

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Only parents who have (or had) teens will understand my drama.
Today my 15 year old daughter asked me to take her to a friend's house to deliver some clothes she had borrowed over the weekend. I agreed.
Then she asked me to take our dog with us in the car. I did not like the idea, but in the spirit of harmony, but I agreed.
When we were already at the gate, Fabio arrived and decided to go with us. We took his  car , as it was already outside.
Anita and Mia went in the back seat.
When we arrived, I saw a cat in front of the gate of the house, and I warned her:
-Watch out, there is a cat. (Mia was off the leash, the initial idea was that she would not get off the car).
My hormonal teen gets out and leaves the door wide open!
Fabio and I immediately started screaming, desperate for her to come back and close the door before  Mia decided racing the cat.
After pulling all the faces she knew, our super teen comes back in the car, looking  pissed-off  and shoots the question:
- Why did you shout? Did you need to yell?
And Fabio, my idol  simply replied:
- Because we enjoy yelling. In fact, your mum and I met in a yeller's group.

domingo, junho 10

Bullying - Santos

Cada vez que eu mudava de cidade, a história se repetia. As encheções de saco, as piadinhas com o meu nome, com o meu sotaque do interior, o jeito que eu andava - e em Santos, o alvo preferido dos bullies era o jeito que eu me vestia.
Para os santistas, descolados e moderninhos, eu era uma baiana ( nome pejorativo que os otários usavam pra quem se veste mal, pra quem tem mau gosto). E me chamavam de baiana sem nenhuma cerimonia.
E eu, ficava triste, claro. Eu tinha treze anos, estava na oitava série.
Mas como o meu santo é forte, os meninos nunca foram de entrar no grupinho dos que me enchiam o saco , e baiana ou não, com mau gosto ou não, eu tinha um grupo de admiradores masculinos que me mantinham com a cabeça acima do nível da água.
As surfistinhas me olhavam de cima abaixo e eu me recusava a mudar o meu jeito, minhas roupas ou qualquer coisa. Não iam ser aquelas pessoas que iam ditar quem eu seria, certo?
Mas eu queria ser igual, ah como eu queria...
Foi nessa época que eu conheci a Fabiana ( e somos amigas de coraçao e de alma até hoje). Ela também não fazia parte do grupinho das populares, ela era toda alternativa.
E um dia ela se engraçou com um amigo meu. Fiz o papel de cupido, fui lá falar com ele e voltei com a melhor das novidades:
- Ele te acha uma menina normal!!! disse eu radiante
Fabiana me fuzilou com os olhos.
- Normal? Normal? Como assim, normal? Quem é que quer ser normal? Que coisa mais medíocre.
Alí mesmo ela se desencantou do menino e eu descobri, aos 13 anos, que esse negócio de ser normal não estava com nada. A partir dalí, levantei a cabeça, chacoalhei a poeira e nunca mais, nunca mais dei voto prá quem não merecia.
Aprendi que o que a minha propria opinião vale 8 pontos. A nota máxima é 10. Todas as outras pessoas somadas, tem 20% do total. Mas também aprendi que média 8 tá bom demais!!! Não tenho necessidade nenhuma de fechar com 10.

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Every time I moved towns, the same story repeated itself. The bullying, the nasty jokes about my name, my small town accent, the way I walked - and in Santos, the bullies fav target was my taste of clothes.
They spared no energy in trying to make me feel bad, in ridiculing me and my style.
 Of course it made me sad. I was thirteen, I was in eighth grade.
Lucky for me, boys were not bothered to pick on me, and I had enough male fans to keep my head above the water.
Despise how I felt, I never changed to get anyone's approval. I was not prepared to let others dictate who I would be, or what I would do.
Head strong or not, I wanted to fit in, I wish I was like everyone else.
It was around that time that I met Fabiana, who is my good friend until this day. She was quite funky, in her alternative way.

She had a crush on a friend of mine. Trying to play matchmaker, I run to talk to him and feel the water for her. I came back with the best news I could imagine:

 - He thinks you're a normal girl! I said radiant

Fabiana glared at me.

- Normal? Normal? Who wants to be normal? How very mediocre.

The crush died imediately. She could not imagine someone calling her "normal"...

And at 13, I also realized there is no glamour in being "normal", in fitting in.

 I decided my own opinion is worth 8 points. The maximum score is 10. All others added, makes for 20% of the total possible marks. I also learned 8 is more than enough...

sábado, junho 9

Só se fala de bullying por aqui? Is this a bullying blog?

Você deve estar achando que eu tenho complexo de perseguição, e que eu cismo que todo mundo pega no meu pé, que eu só sei falar de bullying ou que eu acho que todo mundo está querendo me ferrar. Não é verdade. Sabe-se lá como, a minha auto estima é bem acima da média.
E a culpa desses inacabáveis posts sobre bullying é T O D A do Mr Lemos, lá do madruga em claro, que tocou no assunto desse tal de bullying - e eu sai em disparada e escrevi 8 posts sobre o assunto.
Aqui vou eu com mais uma historinha da minha adolescencia.
A minha família se mudava a cada dois anos no máximo, e cada vez que eu chegava a uma escola diferente, a uma cidade nova, era a mesma ladainha. A molecada que cresceu junta, pegava no meu pé, tirava sarro de mim, zoava com a minha cara.
Nessa história eu já tinha uns 13 anos.
E tinha um menino que me azucrinava todo dia  na escola.
Aí um dia ele resolveu usar uma tecnica nova:

- Psiu, psiu...
eu olhava e ele:
- Vai tomar no cú

- Inaie, Inaie
eu olhava e ele:
- vai tomar no cú

E a coisa não falhava. Ele chamava, eu olhava ( por que será que eu olhava??) e ele dizia a mesma coisa: vai tomar no cú.
Eu nunca fui de chamar pai, mãe, amigo mais velho prá me defender. Um dia, ele fez o mesmo ritualzinho besta dele, eu calmamente me levantei, peguei a cadeira onde eu estava sentada e dei uma cadeirada nele.

Nunca mais fui importunada por ele.

Mas a minha mãe foi na escola exigir providências, por que ela tinha certeza que ele não ia deixar barato e ia me "pegar" na saída da escola.
Imagina a cara da diretora, que ainda teve que lidar com a enfurecida Dona Cirlei, que queria saber o que a escola ia fazer pra proteger a filhinha dela da ira do menino que levou a cadeirada.
O menino nunca tentou se vingar. Nunca mais mexeu comigo, acho que não mexeu com muita gente depois disso. Também não me lembro da escola ter feito nada nem contra ele nem contra mim... ficou tudo por isso mesmo. Hoje ele é da polícia federal. Espero que não se lembre da cadeirada!

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You must think I have some kind of  complex, that I think  everyone picks on me. I can assure you, this is NOT true at all. Reading Mr Lemos blog ( sorry, Portuguese only), I got the inspiration to write about the bullying experiences i have, so I sat down and wrote eight posts. In a row.
This is another story abou my teen years and how I dealt with bullying.
We moved cities every two years and every time I came to a different school, a new town, was the same story. The kids who grew up in the same community, made fun of me.It was only natural, I guess.
In this story I was 13 years old.There was a boy who really enjoyed annoying me. Every day he had something stupid to tell me.
One day he came up with a new technique:

- Psiu, psiu ...
I would look and he would say:
- Fuck off

- Inaie, Inaie
I would look and he would say:
- Fuck off

He thought it was really funny. He would call, I would look  (why the hell did I look?) And he would say the same thing time and time again. Fuck you. Fuck you. Fuck you.

I never took my issues to other people to solve, so one day i got tired of it, stood up, got the chair I was sitting on as smashed it on him. Simple as that.

Next day MY mum was in the school grounds, demanding the school did something to the boy. In her reasoning, he would try to take revenge, and being a boy, he could hurt me, so the school had to take imediate action.

Being fair, he never tried anything else and he stopped calling me names. i don't even remember him calling other girls any names. that was probably the end of his bullying career ( and my chair smashing career too, I have never repeated the performance).

I know he is now a policeman.

sexta-feira, junho 8

Mais Bullying ?? More Bullying ??

Eu tinha 14 anos, morava em Taubaté e era da turminha dos rejeitados na escola. Os "populares"não queriam nem saber da nossa existência. E de mim, tiravam sarro aos montes ( nossa, que surpresa).
Era pinoê prá cá. yoyocrem prá lá...a molecada tinha um fascínio indescritível pelo meu nome e as infindáveis formas de me encher o saco por causa dele.
Nessa época cismaram que eu andava como uma girafa ( eu não queria ficar com as costas tortas, então jogava os ombros bem prá tráz e acho que ficava meio esquisito mesmo)...
Então, me chamavam de girafa!
E eu ficava triste, claro, mas fingia que não ligava. Me fazia de intelectual e fingia que eu achava todo mundo menor, inferior, tonto. Mas o que eu queria mesmo era ser aceita, ser respeitada. Ainda não estava na hora disso acontecer, né?
O tempo passou, fui pra faculdade em Campinas.Lá encontrei muita gente que estudou comigo em Taubaté.
Um dia eu estava numa roda de gente engraçada, divertida e "cabeça" quando vejo uma das meninas que tirava sarro de mim na escola de Taubaté. Ela estava sozinha, deslocada, parecia perdida.
Fui até ela. Ela pareceu não acreditar que era eu, ali no grupinho "cool". A cidade grande a engolira. Ela tinha definhado, perdido e brilho e o glamour que a cidade pequena lhe dera.
Tive pena e a apresentei para a galerinha que estava comigo, torcendo para que ela se encontrasse no novo ambiente, prá que ela não se sentisse deslocada e perdida por ser nova num lugar desconhecido, como tantas vezes eu me senti.

Acabei de me lembrar que muitas vezes as pessoas '( ainda hoje) dizem que parece que eu me acho melhor que os outros, que eu tenho mania de grandeza e complexo de superioridade. Agora, escrevendo esse post, descobri que aprendi a fazer essa cara pra me proteger, pra não deixar ninguém me magoar, prá não pagar mico nem engolir sapo. E não tenho complexo de superioridade. Não me acho melhor que ninguém, mas sei muito bem que também não sou pior que ninguém. Somos apenas TODOS diferentes!

PS Tá explicada agora a minha cara de má??

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I was 14 years old, living  in Taubaté , a small city in Brazil and I was part of the unpopular group of kids at school. The "cool kids" would not give us the time of the day. And unfortunately for me, they also found me different, so they made fun of me by the bucket full.
They called me "pinoe" "yo yo cream" all sorts of names, as these kids had a huge fascination for my name and found endless ways to piss me off because of it.
At that time someone decided I walked like a giraffe (I did not want to have tired, curved shoulders, so I threw them back as much as I could. I give them that, it was probably a bit weird) ...
So the kids called me giraffe!
I was sad, of course, but pretended not to care. I put on this intellectual persona and pretended to be better than anyone else. I just acted like I was far superior, and nothing they did could affect me.

What I really wanted, like every 14 year old kid, was to be accepted, to be respected. That would not happen any time soon, so I just continued playing my part.
 Time passed, I went to university in Campinas. There, I met many people who studied with me in other places.
One day I was with a bunch of  peoplewhen I saw one of the girls who used to make fun of me  at school in Taubaté.

She was alone, she seemed lost.I went to talk to her. She seemed not to believe it was me, there with the  "cool people".
The large city swallowed her. There, in the middle of a million strangers she felt scared and small.
I was sorry  for her, so I introduced her to my friends, hoping she could findherself some space to shine in the new environment. I did not want her to feel lost because she was in a new and unfamiliar place, like I felt so many times.

 Just now I remembered people sometimes say I think I am better than others.Today, writing this post, I figured out I may look that way because I had to create this new persona to protect myself from bullies, from verbal attacks and from being hurt. I do not think better than anyone, but I know very well that I'm not worse than anyone either. We're just ALL different!

quinta-feira, junho 7

Bullying que deu errado/ bullying gone wrong

Eu morava num condominio, desses com muitas, muitas crianças. E todo mundo adorava brincar na rua. Brincar na rua naquele época podia. Primeiro por que não era bem rua, era a rua dentro do condomínio. Segundo por que todo mundo se conhecia, tinha seguranças por todos os lados.
Uma noite eu desci pra brincar, eu tinha uns 9 anos, meu cabelo era enorme, ia até a o meio das minhas costas. Nunca fui de pentear o cabelo - ate hoje NÃO TENHO PENTE NEM ESCOVA. Juro.
Mas aí que eu desço prá brincar e a molecada começa a me chamar de bruxa dos sete mares. Bruxa dos sete mares prá cá, bruxa dos sete mares prá lá. Meu sangue foi subindo. Bruxa dos sete mares! Bruxa dos sete mares!
Nao me lembro de ter planejado nada minunciosamente, mas até hoje me lembro da cena em camera lenta. Um dos meninos, saiu de tras do carro onde eles todos estavam se escondendo e eu mandei-lhe uma pedrada na testa. A testa abriu.
Eu voei prá minha casa.
Minha mãe deve ter estranhado eu chegar tão cedo em casa, mas não falou nada.
Uma duas horas depois, toca a nossa campainha, era o menino, a mãe e o pai dele. Acabavam de chegar do hospital. O menino tinha levado uns pontos na testa. A pedrada não tinha sido bolinho não.
Minha mãe abre a porta, meu estomago gela. Ouço a mãe do Alessando ( esse era o nome dele) pedir prá me chamar por que eles queriam falar comigo.
Vou até a sala, que alternativa tenho eu, afinal?
O menino tremulo, fala:
- Inaie, desculpa. Eu não deveria ter te chamado de Bruxa dos Sete Mares.
Minha mãe me olha incrédula, mas antes de ter tempo de perguntar o que estava acontecendo, a familia marcha para a sua própria casa.

Não me lembro do resto da história. Não me lembro de ter ficado de castigo, nem de ter sofrido nenhuma consequência pela pedrada certeira,acho que ficou tudo por isso mesmo, mas posso afirmar que aquelas duas horas foram as mais angustiantes da minha infancia. Eu estava só esperando aquela campainha tocar...

PS O Alessandro infelizmente faleceu aos 17 anos, num acidente de carro. Na época da sua morte, éramos bons amigos. Ele se tranformou num cara decente e bem legal ( será que a minha pedrada ajudou?) Não me lembro de ter pedido desculpas pela bordoada, mas se você estiver me ouvindo, Ale, eu peço desculpas agora. Eu só queria assustar vocês, não era pra pontaria ter sido tão boa assim...

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I lived in a compound, one with many, many children. Everybody loved playing in the street. Playing in the street was still allowed back then. Firstly because it was not quite a normal street,  it was inside the compound, only residents had access and there were security guards everywhere.
One night I went out to play, I was about 9 years old, my hair was very long, reaching the middle of my back. I never  combed my hair and I still don't . To be honest, I don't owe a comb or a brush. I swear. I always washed my hair, passed my fingers through it, and I was done.And that day when I got closer to the other kids, the started calling me "the seven seas witch". I asked the to stop, they did not. Seven seas witch! Seven seas witch! Seven seas witch!  My blood waswarming up. Seven Seas witch!!  Seven Seas...I do not remember having anything planned, but I still remember the scene in slow motion. One of the boys came out from behind the car where they were all hiding and I trew a stone on his direction. It landed on his forehead. The forehead opened. There was blood everywhere.I run home and pretended nothing happened. I was scared. My mother must found it strange the fact I was home so early, but she did not ask, I did not tell.Two hours later, our doorbell rings, it was the boy's parents. They had just arrived from the hospital. The boy had a few stitches in his forehead.
My mother opened the door, my stomach froze. I heard Alessandro's mother (this was his name) asking if they could please talk to me.I went to the living room, what alternative did I have, anyway?The boy trembling, says:- Inaie, I am sorry. I should not have called you the Seven Seas Witch.My mother looks at me incredulously, but before any of us had the time to say anything,  the family marched back to their house, leaving me speechless.I do not remember the rest of the story. I do not remember being grounded,  having suffered any consequences for my actions, I think that was the end of the story, really, but I can say  those two hours were the most terrifying of my childhood. I knew that bell would ring sooner or later ...
Alessandro  sadly passed away in a car accident when he was 17 years old. At the time of his death, were good friends. He turned out to be a fine guy ( maybe the stone helped?) I do not remember ever apologising for hitting him, but if you're listening, Ale, I apologize now.
I just wanted to scare you guys, make you stop. I never imagined I would be so good at it ...

quarta-feira, junho 6

Bullying e vingança / Bullying and revenge


Me lembro de ter uns 9 anos, no máximo. Minha mãe sempre me obrigou a ir a aula de inglês, mesmo que isso significasse uma jornada de 2 horas, dentro de um ônibus intermunicipal. Sozinha.
E lá ia eu, duas vezes por semana, de Águas de Lindóia a Serra Negra, pra aula de inglês.
E os meus coleguinhas, eram todos mais burros velhos. Eu tinha 9, eles tinham 13, 14...
E me zoavam. muito. Tiravam sarro de mim, do meu nome, das minhas roupas, riam do fato de eu ser de outra cidade, riam de eu saber mais que eles ( ???).
Quando eu saía da aula e ia para a rodoviária, um grupo de babacas vinha me seguindo e mexendo comigo.
Eu ficava triste.  Detestava ir para Serra Negra, odiava as aulas e ficava pensando em formas de escapar daquele martírio, daquela tortura. Mas não contava nada prá ninguém por que tinha medo que a minha mãe fosse dar barraco e piorasse mais as coisas prá mim. Minha mãe ( a santa do Amantikir), sempre foi uma briguenta incorrigível.
Os anos passaram. Um dia, estou no mesmo ônibus que tomei tantas vezes, mas dessa vez eu estava voltando da faculdade, tinha 17 anos, já olhava as pessoas nos olhos, mesmo que elas tentassem me intimidar. Tinha há muito, perdido o medo ( e a vergonha).
Ao meu lado, senta um dos meninos que tirava sarro de mim. E tenta me passar uma cantada. Desengonçadinho, sem graça, um coitado.
Tinha duas opções: podia ser um ser evoluído, ou voltar a era das cavernas.
Dei corda. Deixei ele se achar o bonitão. Conversei com ele, finji interesse ( ele parecia surpreso, não devia fazer muito sucesso com as meninas), eu sabia que ele ia descer  em Serra Negra. Pouco antes de chegarmos a rodoviária, faço cara de quem acabou de descobrir a América:

- Hey!! Nós já nos conhecemos!! Eu me lembro!!
- Não é possível, eu não me esqueceria...
- Nos conhecemos sim! Nós fizemos inglês juntos.
- Não! Eu ainda mantenho contato com a turma do ingles, mesmo depois de ter largado...
- Então voce se lembra de mim- eu sou a Inaie.

Num minuto, vi os flashes passarem pelos olhos dele, ele ficou sem graça, olhou pra baixo, parecia querer um buraco pra se enfiar...

- Mas você, você...você está diferente...
- Nope. Continuo igualzinha, só um pouco mais velha!
- Você ficou linda!
( e que me perdoem os que me acharem convencida, folgada e egocêntrica, mas a resposta eu dei de boca cheia e me senti de alma lavada.)
- Você está enganado. Eu sempre fui bonita. Vocês é que eram selvagens demais prá perceber...

Ser evoluído não é prá qualquer um. Eu reprovei nessa matéria! Mas passei nas aulinhas de inglês.

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I was 9 years old at the most. My mother always made me go to English classes, even if it meant a two hour journey in a bus. Alone.And there I was going twice a week, Aguas de Lindóia to Serra Negra, to learn some English.And my classmates were all dumber older. I was 9, they were 13, 14 years old ...And they made fun of me. All the time. Made fun of everything I did or said,  they made fun of my name,  laughed at the fact that I was in another city, teased me for knowing more than they did ( ???).Everyday after class, on my way to the bus stop, a group of idiots came following me and messing with me.I was sad. I hated to go to Serra Negra, hated learning English and was always thinking of ways to escape from that torture. But I never told anyone. I was terrified of my mum going to the school, talking to the kids, calling their parents. the mess and the embarassment would be too big for me to handle.
Many  years passed. One day, I was once again on that same bus that took me from Aguas de Lindóia to Serra Negra, but this time I was on my way home from university. I was 17 years old, I had changed a great deal since I was 9.
As luck would have it, one of the bullies from the past sits right next to me in the bus.The first thing he tries to do is chat, he is obviously trying to impress me.
Our age gap is not so big, I look at him and I see a sad young man. Nothing special, no light in his eyes.
At that moment, I had two options: I could be an enlightened being, or return to the cave era and be a savage.I gave him lots of attention. I let him think he was  handsome. I talked to him, faked interest (he seemed surprised, I don't think he was very popular with girls), I knew he would get out of the bus on the next town. Shortly before reaching the bus station, I pretended I realized something really important:
- Hey! We've met before! I remember!
- It is not possible, I would not forget ...
- We met ! We had  English classes together.
- No! I still keep in touch with the people I studied English with...
- So you remember me-I am Inaie. 

In a second, I saw the scenes of abuse flash before his eyes. he was embarrassed, he looked down, I think he wanted to disappear ...

- But you, you ... you look different ...
- Nope. I look exactly the same, just a little older!
- You look beautiful!(And forgive me if you think I am full of myself, but the answer I gave him helped heal my soul)
- You are mistaken. I've always been pretty. But you were all too stupid and shallow to look at me properly ...

terça-feira, junho 5

Foi Bullying? Was it bullying?


Me lembro de ser uma menininha de uns 7 anos e ter uns meninos me enchendo o saco no recreio da escola.
Todo intervalo era a mesma rotina. Eles me chamavam de uma coisa ( sempre a mesma coisa), eu ficava P da vida e corria atrás deles pra bater. Eles achavam engraçado e corriam de mim.
Ás vezes eu os alcançava e batia, ás vezes ficava pelo exercício.
Todo dia.
Aí reclamei com o meu pai, que tirando sarro da minha cara, me deu várias idéias:
Leva areia no bolso, quando eles te ofenderem, você joga areia nos olhos deles, isso vai atrapalhar a corrida deles...
Eu ria. Meu pai ria. Nós dois sabíamos que eu não ia fazer isso.
Areia eu realmente nunca levei no bolso, mas uma outra sugestão dele foi que eu começasse a usar cintos. E essa foi batata! Eu passava o recreio correndo atrás dos meninos com o cinto em punho.
Era a mesma história. Ás vezes eu acertava, as vezes eu errava. Mas nem eles desistiam nem eu parava a minha caçada. Era como se tivéssemos um encontro sagrado, todos os dias na hora do recreio.
Um dia, não sei bem por que ( não sei se o crime eram as ofensas ou as cintadas), fomos todos chamados na sala da diretora.
Vocês podem me dizer o que é que está acontecendo aqui?
Aquela era a minha primeira visita a diretoria ( mal sabia eu que viraria uma habitué)

- Eles me xingam e eu corro atrás deles e bato neles, quando eu consigo alcançar.
- Te xingam de que, Inaie?
- Me xingam de Bruna Lombardi.

Silencio mortal na diretoria. vejo a diretora processando a informaçao, antes de declarar a sentença:

- Isso tem que parar! Se ela não gosta, vocês não podem falar. Eu, pessoalmente, ficaria muito feliz que me chamassem de Bruna Lombardi, mas isso não vem ao caso, isso não interessa. Ela não quer, vocês não podem chamar, tá entendido??

Os meninos concordaram e eu fiquei intrigadissima. Quem diabos era essa Bruna Lombardi.  Uma Bruxa Lombardi, com certeza. Cheguei em casa e perguntei para a minha màe ( que tb não sabia do que me xingavam na escola). Ela espera o horário da novela e me mostra a Bruna.

Quase desmaio. Ela é L I N D A!!
Decido que eu gosto sim de ser chamada de Bruna Lombardi, mas também sei ( no alto dos meus 7 anos), que é tarde demais. Que não posso voltar atrás.

No dia seguinte, no recreio, os mesmos meninos me chamam de Bruna Lombardi pela milionésima vez aquele ano, e saem correndo ( como se nunca tivessem visitado a sala da diretora), com um sorriso nos lábios, tiro o cinto e saio correndo atrás deles. A nossa rotina não muda, mas tudo mudou dentro do meu coração - e eu comecei a tomar cuidado e bater de leve quando os alcançava...




I remember being a little girl, about seven years old and having some boys annoying me in the school playground during our breaks.Every day we had the same routine. They called me some name (always the same name), I got upset and chased them to beat them up. They run, I chased. Sometimes I caught them, sometimes they run faster than me and got away.Every day.When I complained to my father, he made fun of me and gave me several ideas:
Just fill your pockets with sand, when they offend you, you throw sand in their eyes, this will hinder their run ...I laughed. My father laughed. We both knew I would not do that.I never  took sand to school in my pocket, but it was inspired by another of my dad's suggestions that I started using belts. And from then on, I spent all my breaks chasing the boys with my belt in hand.
The outcome did not change. I hit them sometimes, I missed them other times. But none of us ever gave up on out lil routine.
One day, we were all called the principal's office.Can you tell me what's going on here?That was my first visit to the principal's office (little did I know that would become a habitué)- They call me names and I run after them and hit them  with a belt when I manage to catch them.- What do they call you, Inaie?- Bruna Lombardi.Deathly silence took over the room. The principal took a while processing the information, before deliverying her final sentence:- This has to stop! If she does not like it, you can not do it. I personally would be happy  if someone  called me Bruna Lombardi, but that's irrelevant, my opinion does not matter. She doesn't like it, you can't ever do it again. Understood?The boys agreed. I confess I was really intrigued. Who the hell was this Bruna Lombardi? A Witch Lombardi, for sure. I came home and asked my mother (who also did not know what names they called me at reccess). She waited until the soap opera time and showed me who Bruna Lombardi was. 


Bruna's pic
I almost fainted. She was gorgeous!I decided I  liked being called Bruna Lombardi, but I also knew (from the wisdom of my 7 years of age), it was too late.  I could not go back

The next day at recess, the same boys call me Bruna Lombardi for the umpteenth time that year, and run off (as if they had never visited the principal's office), with a smile, I took off the belt I was wearing and I run after them . Our routine never  changed, but something changed in my heart - and I made sure to be gentle when I caught them  ...