quinta-feira, julho 5

Vida cão / Tough life

No aeroporto de Dubai, encontrei muitos homens vindo do Afeganistão. Vários deles trabalham para companias diferentes e tem contratos diferentes. Três homens de Kosovo estavam a caminho de casa depois de 4 meses em campo.
Eles estavam doidos para ver as familias e reencontrar os filhos. Eles trabalham no Afeganistão para poder oferecer uma vida digna ás familias, para poder oferecer uma educaçao de qualidade aos filhos e para fugir da crise que assola o mundo no momento.
Todos eles falaram dos filhos, me mostraram fotos, se emocionaram a me contar detalhes da vida das crianças. falavam com orgulho das conquistas e vitórias dos familiares na terra natal. eles em contaram que acordavam todos os dias as 3:30 da manha para falar um pouquinho com as suas familias, pela internet, antes de ir para o campo.
Fiquei tocada com as histórias deles. Tive pena, e também fiquei comovida com o sacrifício que esses homens fazem em nome das pessoas que eles amam. Só assim eles podem oferecer uma qualidade de vida satisfatória ás pessoas que eles amam. Lindo isso.
No campo onde eles trabalham, são 15000 pessoas, que moram em tendas, comem comida de batalhão, nao tem nenhum contato com a civilização ou com uma rotina normal por 4 meses. Eles me disseram que os quatro meses do Afeganistão são os mais longos que eles já viveram.O mesmo tempo em casa, simplesmente voa. Mas ao fim das férias, eles vão voltar ao campo. Vão voltar ás tendas e á comida ruim. Vão voltar a arriscar as proprias vidas. Por amor ás suas familias.
Encontrei também um americano que viajava sozinho. Ele também estava voltando do Afeganistão. O contrato dele é bem diferente. Ele tem 10 dias de férias a cada 4 meses. Como ele não tem família, ele simplesmente trabalha, trabalha e trabalha. Hoje ele está a caminho das Filipinas, vai “procurar” uma esposa.
Ele me contou com tristeza nos olhos que ele não acredita em divórcio, que ele ainda não superou a separação da primeira mulher. Ele falava sobre a dor do abandono e a tristeza de não ter sido capaz de manter o seu  casamento.
Quando perguntei detalhes, ele me disse que ficou casado 5 anos, há 15 está separado. Hoje ele tem 55 anos e não tem filhos. Ele me pareceu um cara decente, tive pena.Quando fiz mais perguntas sobre a possivel noiva Filipina, quase infartei. A menina tem 19 anos. A pena evaporou.
Como a minha lingua é maior que a boca, eu já fui avisando que ele vai ser abandonado de novo. Que a menina tem idade para ser NETA dele. E que ele não venha me dizer que é amor, por que eles não se conhecem. Ele está entrando num acordo comercial – e raros acordos comerciais são para a vida toda.
Tive vontade de chama-lo de várias coisas, mas achei que ele não entenderia. Na cebeça doentia dele, ele vai em busca de uma noiva - a noiva vai ficar feliz em ter melhores oportunidades na vida, e os dois vão sair ganhando.


Pobre menina que vai se submeter a isso para sair sabe-se lá de que situação de vida. Tive pena dela. E raiva dele.
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At Dubai airport, I met many men coming back from Afghanistan. They work for different companies and have different contracts. Three men from Kosovo were on their way home after four months in the field.They were dying to be reunited with their families and children. They work in Afghanistan to provide a decent life for  their families, to provide a quality education to their children and to avoid the world's financial crisis.I was touched by their stories. I was sorry for them, and I was also moved by the sacrifice these men endure for their loved ones. They told me they wake up every morning at 3:30 am, so they can quickly talk to their families on the internet.In the same camp where they work, are other 15,000 men living in tents for 4 months. They told me these months in Afghanistan are the longest they experienced. When they spend the same time at home, time simply flies.
I also met an American man, traveling alone. He was also returning from Afghanistan. His contract is very different, though. He has 10 days off  every four months. As he has no family, he just works, works and works some more.
Today he is on his way to the Philippines, to "find" a wife.He told me with sadness in his eyes, that he does not believe in divorce, he still has not overcome the separation from his first wife. He talked about the pain of abandonment and sadness of not being able to keep the marriage.When I asked for details, he told me he was married for five years, 15 years ago. Today he is 55 years old and has no children. He seemed like a decent guy, I was sorry for him. Some marriages simply don't work, it is no one's fault.

When I asked further questions about his Philipino bride, I almost had a heart attack.
The girl is 19 years old. I was no longer sorry for him, I felt like punching him in the stomach.As I find it difficult to shut up, I told him he will be abandoned again, and he deserves to be. That girl is young enough to be his granddaughter. And don't try to bullshit me, he does not even know the girl, he can not be in love. This is a comercial agreement, and very few comercial agreements last a life time.
I felt very sorry for this girl, who will have to face such disgraceful relationship, just to scape a life she can not stand.

10 comentários:

  1. Nossa, não imaginava q esse tipo de coisa existisse ainda nos dias de hoje! Que absurdo!

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  2. Infelizmente isto é bem comum por aqui e nem podemos julgar a menina que está nesta situação. Uma vez fui no Zoo daqui com a minha sogra e vi um homem bem velho com uma garota, que pela feição, poderia ser filipina ou tailandesa, sei lá, mas me peguei olhando para ela por um momento, ela percebeu, me olhou também e abaixou a cabeça, acho que por vergonha... muitas vezes a própria família dela incentiva essa situação, pois muitas vezes o marido "paga" pela esposa ou esta acaba enviando dinheiro para a família. Triste, mas infelizmente é a realidade de muitas na Tailândia, Filipinas e até no Brasil... Também tive pena dela.

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  3. É às vezes as realidades atropelam a gente e a gente nem consegue anotar a placa!
    Comungo da tua ideia.
    Um grande bj querida amiga

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  4. Dificil ter uma opinião nesses casos, pois as vezes é uma relação em que os dois "acham" que estão ganhando... Em muitos países da Asia (na China é assim), para casar o marido tem que ser rico e pronto. O amor nunca esteve na frente de uma relação, e é mal vista a mulher que se casa por amor, ainda mais se for com um pobre, pois o mais importante é garantir comida na mesa.
    Além disso, muitos homens que não tem "tempo" para cultivar uma relação, ainda mais esses que viajam (como muitos militares), acabam buscando uma mulher mais submissa que aceite ficar em casa "fazendo e cuidadndo de filho"... eu cresci acredidanto que militar era um excelente partido, mas fala issona França, nenhuma francesa quer! Então eles buscam uma mulher na tailândia, china, méxico... ou no Brasil! Passam 4 meses fora em um país perigoso e voltam para alguns dias em casa...
    Já não julgo mais...

    P.S.: meu pai certa vez tinha recebido uma proposta para trabalhar no Kuwait, passou todos os testes, o salário era maravilhoso, mas ele na última hora deu para trás, néao quis deixar a famílis... Isso era em 1990, poucas semanas depois estoutou a guerra do golfo e ele agradece a todos os santos por não ter coragem de ter iso! O amor pela família não era tão grande assim para enfrentar todos esses riscos! kkk

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  5. Me fez lembrar os meus ex-alunos que vão para o sul do Brasil ou mesmo para a Bolívia trabalhar por quatro, cinco meses e depois voltam pra casa, passam vinte dias e voltam novamente...realidade dura...beijos

    http://diariodasuu.blogspot.com

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  6. É a dura realidade. Nós que temos tudo muitas vezes nos esquecemos das pessoas que não tem a mesma sorte. Qdo digo tudo não digo só o material, quero dizer tb todos os direitos, principalmente a liberdade. Na correria dos nossos pequenos problemas, esquecemos de pensar e rezar pelos que vivem o verdadeiro problema 24 horas do dias, todos os anos de suas vidas. Muito triste. Talvez essa realidade nunca mude, apesar da esperança de todos.

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  7. é comum a gente sentir raiva e pena ao mesmo tempo nesses casos! mas eu acho que um homem de 55 anos, americano, que trabalha e tudo o mais, teve condições de superar suas eventuais tristezas, ao contrario de uma menina filipina de 19 anos, que vai fazer isso por falta de opção. espero que ele trate ela direito!
    engraçado como são os americanos, desprezam o tempo todo os povos e costumes que consideram atrasados, mas se beneficiam o tempo todo...

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  8. Olha, já vi muito disso no Japão... filipinas fazem isso, casam com japoneses para obter visto, para terem condições melhores de vida e por ai vai....

    Triste realidade e que muitas pessoas se submetem.

    Kisu!

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  9. Inaie, muito legal ler tudo isso por aqui. É um "vivendo e aprendendo" mesmo!
    Quanto ao americano e a filipina, tenho dó dos dois. Essa vida cheia de "contratos" é muito "prostituinte" (nem sei se existe essa palavra), não acha?
    Um abraço
    Manoel.

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