segunda-feira, junho 2

Coisas de ontem / Yesterday's stuff


Naquele tempo...
Back then...

Quando eu me mudei de Santos para Amparo, cheguei lá com o coração peludo e a alma cheia de sofrimento.
Aos 16 anos, deixei a beira do mar pelo interior de São Paulo. Ao invés de ficar o tempo todo na areia, com o pessoal que voava de asa delta e surfava, agora a minha rotina era completamente diferente.
Uma hora e meia ( cada perna) dentro de um onibus intermunicipal para ir para a escola todos os dias. Caí no grupo de um pessoal que se conhecia desde sempre e que tinha laços fortes, mas acima de tudo que vivia num mundo diferente do meu em tudo.
Ali todo mundo era bem comportado, muitos frequentavam a igreja, era a nata da sociedade bem comportada de Amparo City.
E eu não cabia ali.
Chorei e me descabelei durante pelo menos 4 meses ( dos 6 que eu vivi ali).
Eu era baderneira, namoradeira, me achava a mais  "dexcolada" do mundo. Eu me sentava na calçada e chorava.

Por que eu estou contando isso?
Por que no meu post anterior, tem uma mensagem do Rô, dizendo: Eu também te amo. Desde 88.

E como em 88, você me ajudou a ver as coisas por um outro angulo, com outra perspectiva.

Nos ultimos meses daquele semestre, eu descobri a doçura e a profundidade daquele grupo. Aprendi que eles eram na verdade, as pessoas mais tolerantes  ( menos o Adib, que isso fique claro!!!!) e iluminadas que eu já tinha conhecido, que ao invés de me recriminar pelas escolhas e estilo completamente diferentes, eles só riam e diziam:

- Só podia ser você mesmo!!

E assim eu me senti acolhida e amada por aquela turminha que cantava no coral da igreja, e que apesar dos 20 e tantos anos, nunca deixou de fazer parte da minha vida, do meu coração e do meu dia a dia.

E hoje, mãe de duas adolescentes, vivendo esse redemoinho enlouquecido, eu reconheço o comportamento daquela menininha de 16 anos, que lutava contra a maré, que se recusava a aceitar a sua nova realidade, que se sentia arrancada da vida que lhe pertencia, e jogada numa história que não era a dela.

26 anos depois, a Inaie continua a mesma teimosa empacada de sempre. Mas o seu recado me ajudou a ver as coisas com outros olhos, Ro! E eu espero encontrar aqui, nessa minha realidade imposta, outros Rogérios, Luis Renatos, Gustavos, Giulianos, Jeans, Andrés, Valérias, Xuxas, Andréias,  e Lucianas. E que eles sejam eternos, como vocês são para mim. Você também, Adib!

Amo MUITO!


Outro dia
Just another day


When I was 16, I moved from a coastal city in Brazil to a small country site - and I hated it with passion.
I hated it. I hated to leave my friends, to lose my connections and to change my life style. I thought I was cool and "in" and out of the blue, I was in the middle of nowhere, in a class of seniors who always went to school together.
I was an outsider all right. I did not feel I fit in at all. Everyone there knew each other since birth, the families were friends...and there was me.
They were so different.I was so different. 
They went to mass. I had a different boyfriend each week.
To top things up, I had to travel 3 hours a day to go to school and back. And the inter municipal bus broke more often than not.
My days hanging with surfers and hand gliders were over. And I cried. I sat on the footpath and cried my eyes out. 
Everyone was so well behaved - and I thought it was boring as hell. So I cried some more.
I was a troublemaker , a flirt. I enjoyed being different. And I felt like an extra terrestrial.  
But why am I telling you all this?
Because a message on my last post made me cry. It said: I love you too. Since 88. - Ro.

What happened was a total transformation. No one else changed, but I did. In the last couple months of the semester, I found out how sweet and amazing that group was. How tolerant ( not you, Adib! - yes, I can hold a grudge)  and fun they were.
Instead of keeping me away for all the differences, they just laughed and said:

- You are unique!

And then I felt welcome and loved by those people. And now, 20 odd years later are still part of my life.
People I love dearly.

After reading that message, I realized that Inaie is back. I feel cheated to leave the life I loved and enjoyed, and I refused to give USA a fair shot. I got here hating everything and everyone.
 I recognize the behavior of that little girl, who struggled against the tide , who refused to accept her new reality,
But your comment helped me see things with different eyes , Ro ! And I hope to findmany Rogérios , Luis Renatos , Gustavos , Giulianos , Jeans , Andrés, Valérias,  Xuxas , Andreias and Lucianas . And hope they become as special in my life , as you all are to me. Even you, Adib!

Lots of love!

15 comentários:

  1. O legal que eu com 17 anos sai do interior do PR pra parar na praia , muito mais longe que eu imaginava. Afinal são mais de 2k de km

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  2. Amizades de infancia/adolencia... tenho poucas, muitos poucas.

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  3. Seja bem-vinda novamente, Inaie!
    A vida tem dessas coisas... Quando pensamos que está tudo perdido, algo novo acontece para resgatar as esperanças!
    Aprendemos mais com as dificuldades do que com a felicidade!
    Veja como os ciclos se repetem!
    Beijus,

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  4. E a mãe,Inaie? Como ficava nesta história toda?

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  5. Bonito se reconhecer nos filhos e descobrir que a vida deles vai seguir em frente. Com altos e baixos, mas sempre em frente.

    :)

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